
João Vieira Pinto é um dos rostos do projeto do Estágio para o Jogador e para a Jogadora promovido pelo Sindicato dos Jogadores. "Associar-me a este estágio como embaixador é uma grande honra. Este estágio é a minha segunda casa, há muitos anos que faço parte dele. Há jogadores em maiores dificuldades e há uma taxa grande de sucesso, com 62% a arranjar emprego, que é o objetivo prioritário deste estágio", destacou.
Quanto à novidade do Estágio para a Jogadora, esta deixou o antigo craque de Boavista, Benfica e Sporting visivelmente feliz. "Fico muito contente porque, mesmo que ainda haja poucas mulheres a jogar futebol, o número está a crescer todos os anos e isso é muito satisfatório. É sinal que o trabalho que está a ser feito está a ser bem feito e tem de continuar a ser feito. É o primeiro ano em que as mulheres vêm jogar futebol aqui no sindicato e é sinal do próprio desenvolvimento que este estágio tem tido, agora também com as mulheres. Não é apenas um estágio com jogadoras desempregadas, é um estágio para quem quer ou gosta de jogar futebol, que tem a oportunidade de treinar aqui com outros jogadores e jogadoras", confessou.
Já sobre o programa que é posto em prática na iniciativa que teve agora o seu início e dura até final de agosto, partilhou: "Há jogos com outros sindicatos que fazem um trabalho idêntico, torneios que por vezes são feitos noutros países, jogos de pré-temporada com equipas profissionais e não só. São jogadores constantemente observados por outros treinadores e equipas. Não há melhor mensagem a passar aos clubes do que jogar contra estes jogadores, é a melhor forma de os observar e perceber se têm condições para integrar essas equipas. É um bom sinal, pois há fortes perspetivas de o futebol feminino crescer. Ainda estamos um pouco abaixo em comparação com outros países e é preciso investir. Há uma aposta muito grande, inclusive dos nossos clubes, e o objetivo é criar mais jogadoras. Havendo mais jogadoras, há mais qualidade e podemos competir com os outros países".
Por outro lado, o antigo internacional português recordou momentos da sua carreira em que também esteve desempregado. "Em 2000, quando saio do Benfica e vou fazer o Europeu sem clube, não foi a primeira vez que aconteceu comigo. Já tinha acontecido comigo aos 20 anos. Quando saí do Atlético Madrid e vim para Portugal, também estive dois meses na mesma situação. Naquela altura, fui treinar sozinho com o meu irmão para o Parque da Cidade, no Porto. Ia voltar ao Boavista, mas ainda não estava no Boavista. Obviamente que, se tivesse o sindicato naquela altura, era aqui que vinha estagiar e fazer os meus treinos, com treinadores e pessoas profissionais. Felizmente, correu tudo bem comigo, mas esta é uma grande oportunidade para qualquer jogador. Não está fechado apenas aos jogadores em dificuldades, está aberto a todos e é merecedor, porque tem ótimas condições de trabalho e para quem quer manter a forma é uma grande oportunidade", desabafou.
À margem do projeto do Sindicato dos Jogadores, o antigo Menino Prodígio do Boavista na década de 90 confessou que vê a situação atual do clube "com muita pena."