A final da Allianz Cup entre Sporting e Benfica trará mais impacto ao momento das águias, avalia o ex-futebolista João Manuel Pinto, acreditando num semblante encarnado diferente do dérbi perdido há quase duas semanas na Liga.

"Os adeptos são muito exigentes, querem sempre ganhar e desconfiam quando há um ou dois resultados menos bons, mas os treinadores têm de estar preparados. O Sporting já passou por um momento terrível e teve derrotas que ninguém esperava. Mas, de repente, imaginemos que o Benfica perde três dos últimos quatro jogos: isso mexerá no balneário, na estrutura e nos adeptos. Pesando na balança, talvez seja mais difícil para o Benfica se perder esta final", frisou à agência Lusa o ex-defesa central das águias, de 2001 a 2003.

O campeão nacional Sporting, segundo mais titulado, com quatro conquistas, enfrenta o Benfica, detentor de um recorde de sete êxitos, no sábado, às 19H45, na partida decisiva da 18.ª edição da Allianz Cup, no Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria.

"Penso que são as duas equipas que estão em melhor momento, embora o Benfica tenha tido duas derrotas seguidas, sendo que, depois disso, deu uma boa resposta. Agora, o campeonato e a Taça da Liga são competições diferentes e cada equipa vai querer muito ganhar. Acima de tudo, espero que seja um bom jogo e que haja golos e emoção", pediu.

Os rivais lisboetas reencontram-se 13 dias depois da vitória caseira do Sporting (1-0) na 16.ª jornada da Liga, e penúltima da primeira volta, que devolveu os leões ao topo, por troca com o Benfica, na estreia do técnico Rui Borges, oriundo ao Vitória de Guimarães.

"O Benfica sabe do momento do Sporting, embora a última experiência não tenha corrido bem. Não direi que o Sporting foi uma equipa demolidora, mas jogou melhor. Um dérbi é sempre de 50/50 [em favoritismo], mas o Benfica esteve muito abaixo das expectativas e também havia um novo treinador no adversário, com ideias novas, apesar de o modelo continuar consistente. O Benfica certamente está precavido", avaliou João Manuel Pinto.

Os leões ultrapassaram o FC Porto (1-0) nas meias-finais da Taça da Liga e mantêm-se invictos sob alçada de Rui Borges, enquanto as águias bateram o Sp. Braga (3-0), detentor do troféu, que tinha triunfado na Luz para a 17.ª ronda do campeonato (1-2).

"O Benfica não pode entrar com medo, seja de que adversário for, mas, do outro lado, vai estar um Sporting motivado, na qual Viktor Gyökeres já voltou ao que conhecemos dele. Os atletas sabem o que têm de fazer e querem estar muito presentes nos grandes jogos, porque são os que marcam e não se esquecem. Não há muitas coisas que os treinadores possam injetar em termos de adrenalina e surpresas", disse o ex-internacional português.

João Manuel Pinto, de 51 anos, lembra a "brilhante recuperação" encetada pelas águias desde o regresso em setembro de 2024 de Bruno Lage, sucessor do treinador alemão Roger Schmidt, fruto de oito vitórias seguidas na I Liga, às quais se seguiria uma quebra, com oito pontos perdidos nos últimos 15 possíveis, apesar da subida temporária ao topo.

"É importante ganhar, visto que, entretanto, aparecerão jogos decisivos da fase de liga da Liga dos Campeões e é bem mais fácil trabalhar sobre vitórias: moralizam, dão confiança e fazem também ganhar animicamente os jogadores", apontou o ex-defesa, que rumou à Luz depois de lograr os últimos quatro cetros do inédito 'penta' do FC Porto nos anos 90.

Numa semana com três jogos dispersos por sete dias, o Benfica promoveu novidades no reencontro com o Sporting de Braga, ao devolver ao 'onze' o central António Silva, tendo desviado Tomás Araújo para a ala direita, em detrimento do dinamarquês Alexander Bah.

Se o luxemburguês Leandro Barreiro deu lugar a Florentino como parceiro do turco Orkun Kökcü na dupla de médios interiores, o norueguês Andreas Schjelderup substituiu o turco Kerem Aktürkoglu, com direito à primeira titularidade pelo conjunto principal encarnado.

"Acredito que a única alteração [para a final, face ao 'onze' habitual do Benfica] vai ser a continuidade do António Silva. De resto, o Bruno Lage voltará à equipa que tem alinhado mais e dá mais confiança. Não vai haver grandes surpresas dos dois lados", perspetivou.

Esperando que o extremo argentino Ángel Di María "possa oferecer alguma magia e seja diferenciador", João Manuel Pinto vê o grego Vangelis Pavlidis a manter a titularidade no eixo ofensivo, após uma "aposta infeliz" das águias no suíço Zeki Amdouni em Alvalade.

"O Lage tentou surpreender o Sporting, mas pensará melhor desta vez. Insiste e bem no Pavlidis, que pode não fazer golos muitas vezes, mas arrasta defesas [adversários] para permitir a entrada dos médios [em zonas de decisão] e trabalha muito. Um adepto pode não perceber isso, pois sabe que um avançado é [sinónimo de] golo, mais nada", notou.