"Foi uma corrida diferente. Não sou um grande fã do novo formato, mas são as regras e temos de nos adaptar. Tentei improvisar um pouco e no final consegui vencer mais uma vez. Fiquei muito feliz por perceber que a tática ainda resulta. Vencer o título europeu é sempre muito especial. Foi o meu quinto título [nas diferentes disciplinas dos Europeus], mas a sensação é a mesma do primeiro. Estou muito feliz e orgulhoso", admitiu o ciclista natural de Viana do Castelo, ao sítio oficial da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC).
Cerca de 24 horas depois do inédito cetro na corrida por pontos, Iúri Leitão, de 26 anos, revalidou o ouro europeu de scratch e isolou-se como ciclista mais titulado ao fim de três dias de ação em Heusden-Zolder, na Bélgica, ao bater o neerlandês Vincent Hoppezak, segundo, e o britânico William Tidball, terceiro, tendo dobrado quase todos os oponentes.
Campeão olímpico de madison em Paris2024, ao lado de Rui Oliveira, e medalha de prata no omnium na mesma edição dos Jogos, o vianense consumou o nono pódio em Campeonatos da Europa de elites e repetiu os êxitos de 2020, 2022 e 2024 em scratch.
"O Iúri Leitão fez uma corrida perfeita, com inteligência enorme na leitura, conjugando as ações para poder chegar à vitória e renovar o título. Foi soberbo. Sabíamos que tínhamos os holofotes em cima de nós, por isso abordámos a corrida com prudência. Depois, foi um grande trabalho tático e estratégico do Iúri, bem como a sua capacidade física. Sai daqui campeão europeu com todo o mérito", analisou o selecionador nacional, Gabriel Mendes.
Pouco depois do êxito de Iúri Leitão, Ivo Oliveira sagrou-se vice-campeão de perseguição individual, ao cronometrar 4.03,631 minutos na final, acima dos 4.02,882 do britânico Josh Charlton, que viu o compatriota Michael Gill impor-se ao italiano Renato Favero na luta pelo bronze.
Segundo mais rápido nas qualificações, o ciclista de Vila Nova de Gaia, de 28 anos, conquistou a quinta medalha em elites, num currículo em que já ostentava um ouro (2020) e duas pratas em perseguição individual (2017 e 2018) e uma prata em madison (2020).
"O Ivo Oliveira fez uma prova de excelência. Superou-se e conseguiu uma melhoria muito significativa do seu melhor tempo. O nosso adversário teve uma diferença significativa na qualificação, mas a recuperação podia fazer a diferença na final. Procurámos otimizar a corrida para lutar pelo título até ao final, mas não foi possível", salientou Gabriel Mendes.
Já Daniela Campos terminou o concurso de omnium no 12.º posto, com 66 pontos, longe da neerlandesa Lorena Wiebes, vencedora, com os mesmos 114 da britânica Madelaine Leech, segunda, num pódio culminado pela dinamarquesa Amalie Dideriksen, com 103.
O selecionador nacional lembrou que a ciclista, de 22 anos, "esteve bem e teve uma boa atitude competitiva", após ter fechado a primeira metade da prova na terceira posição da classificação geral virtual, graças ao 11.º lugar em scratch e à vice-liderança em tempo, antes de perder terreno nas corridas de eliminação, na qual foi 20.ª, e por pontos, ao ser 12.ª.
"A Daniela Campos começou muito bem o omnium, que é sempre muito exigente e foi a primeira vez que o fez num Europeu. Esteve muito bem nas primeiras duas corridas e foi pena a corrida de eliminação. Apesar de iniciarmos numa posição muito boa, não conseguimos tirar partido da mesma e fomos eliminados muito cedo. Na corrida por pontos, ela deu uma boa resposta e procurou atacar a corrida", resumiu Gabriel Mendes.
Portugal passou a somar cinco pódios na 16.ª edição dos Europeus, que decorrem entre quarta-feira e domingo, em Heusden-Zolder, numa senda iniciada com a prata de Rui Oliveira, irmão gémeo de Ivo, na eliminação e o bronze de Maria Martins em scratch.
No sábado, Ivo Oliveira e Maria Martins vão disputar o omnium masculino e corrida por pontos feminina, respetivamente, sendo que Portugal pode igualar o recorde de seis medalhas de 2020, quando juntou dois ouros, duas pratas e dois bronzes em Plovdiv, na Bulgária.