Ian Cathro, treinador de 38 anos do Estoril, esteve no 'Futebol total' , do Canal 11 e não hesitou quando desafiado a pronunciar-se sobre o que mudaria no futebol português, que encheu de elogios. "Sou escocês, venho de uma realidade diferente e acho ridículo que valha o mesmo terminar em 7.º ou em 8.º lugar, não é a mesma coisa. Está tudo muito focado na luta pelo título e pela permanência e esquecem os outros lugares", apontou o técnico, que não poupou nas críticas, mesmo face a um futebol que defende em toda a linha: "Não temos bancadas cheias, não gosto. Mas temos muito talento e qualidade em campo. A bola tem que andar mais. Normalmente, o adversário está a queimar tempo quando estamos por cima. Com tanto talento, não valorizamos a qualidade que temos, com guarda-redes a queixarem-se e a haver tanto tempo perdido."

Lembrando as diferenças - "Sou escocês, vim cá, tomei um café e li três diários desportivos, a falarem de futebol. Lá [na Escócia] não existe nada disso. Há 'este é burro', 'este não serve para nada'" - o técnico atirou sobre as escolha tática: "É preciso conhecer muito bem todos os jogadores e é preciso ter tempo, abertura e agilidade para tomar as melhores decisões. Tivemos algumas dificuldades com os laterais. Dois jogadores na mesma posição, oferecem sempre coisas diferentes."

"Quero ganhar com os jogadores, crescer com eles, têm coisas que se calhar o treinador ainda não viu", defendeu ainda Ian Cathro, que explicou: "Relação com os jogadores? Há dias em que falo português, com um sorriso, outras vezes posso estar mais zangado, aí falo em inglês."

"Um treinador tem que ser autêntico. Não tenho medo de perder, mas quero muito ganhar. Se andamos a fazer um futebol que complica a vida dos jogadores e deixa a equipa mais perto da derrota, o treinador não está a fazer um bom trabalho", sustentou, lembrando, desafiado pelo capitão Pedro Álvaro qual o momento mais marcante da época: "Foi quando surgiu a tarja 'Treinador ou adeptos? Escolham!' [na recepção ao Arouca, no fim de outrubro]. É preciso passar por dificuldades para evoluir, dar o próximo passo, crescer. Foi esse momento."