A entrada de 'rompante' de Sérgio Conceição no Milan tem merecido rasgados elogios ao treinador português na imprensa italiana. Depois da vitória na Supertaça, poucos dias depois de assumir o comando técnico da equipa, batendo pelo caminho a Juventus e o Inter, o jornalista Sebastião Vernazza fala na 'Gazzetta dello Sport' em "futebol a jato", comparando o estilo de Conceição ao de Antonio Conte, o treinador do Napoles.

"Reação é a palavra-chave na primeira campanha de Sérgio Conceição no Milan, treinador recém-chegado e vencedor imediato. Quem corre contra o vento demonstra caráter, temperamento e resistência, valores que Conceição incutiu na equipa nos dois intervalos em Riade", escreve o cotado jornalista.

Sebastião Vernazza recorda que Julen Lopetegui, ontem despedido pelo West Ham, era a primeira escolha dos rossoneri depois da saída de Stefano Pioli, e que o clube acabou por contratar Paulo Fonseca. "Lopetegui e Fonseca eram as opções erradas. No verão, a maioria dos adeptos do Milan teria gostado de Antonio Conte, mas o técnico era muito caro e exigente para os parâmetros do clube. No inverno do descontentamento, Cardinale e Ibrahimovic recorreram a Sérgio Conceição, à sua maneira uma espécie de Antonio Conte português pela forma como se relaciona com o grupo e como vivencia os jogos. Exige esforço e empenho, suor e sofrimento, tal como o treinador do Nápoles. Os dois eram parecidos como jogadores, na diversidade de suas funções. Conte era um médio ofensivo e Conceição um combativo ponta-direita. Ambos mostraram coragem e personalidade, qualidades perpetuadas nas suas segundas vidas como treinadores. Como diria Rino Gattuso, se nasces quadrado, não podes morrer redondo. As bordas ajudam na defesa contra impactos de adversários e críticos."

Mas Conceição não é apenas motivação: "Ninguém chega a lado nenhum apenas com motivação, caso contrário os melhores técnicos seriam treinadores mentais. (...) [Na Supertaça] Conceição foi capaz e inteligente de se corrigir durante os jogos, de modificar formações e sistemas, de fazer boas substituições, coisas que o próprio Conte faz bem."

O futuro parece risonho e um dos protagonistas da mudança pode ser Rafael Leão: "Agora vem o bom e o difícil. Ninguém vai subestimar o Milan, todos entenderam que Conceição trouxe algo de novo, que a equipa não já não está inclinada para o colapso, como aconteceu com Paulo Fonseca. A imagem do homem da mudança é Rafael Leão. Não teríamos apostado na sua adaptação ao futebol 'socialista' de Conceição, em que todos devem contribuir nas duas fases. (...) Na segunda parte do clássico de Riad vimos um dos melhores 'Leões' de todos os tempos. Conceição trouxe-o imediatamente para o seu lado, agora é preciso habituá-lo à continuidade."