
Teve início esta terça-feira, 29 de julho, marcou o início de um estudo científico que procurará perceber melhor a forma como o calor afeta os jogadores de futebol, fruto de uma parceria entre o Sindicato dos Jogadores, a FIFPRO e a Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
O principal objetivo do estudo passa por analisar e providenciar mais informações acerca dos efeitos que o calor terá sobre as variáveis de performance física e fisiológica em jogadores, durante uma partida. Para isso, os atletas serão monitorizados e avaliados em dois momentos (temperatura normal [<25ºC] vs. Calor [> 32ºC]), durante um jogo de futebol.
Serão monitorizados e avaliados em ambos os momentos (Normal vs. Calor) as condições ambientais (temperatura e humidade), os marcadores de performance física e fisiológica (distâncias percorridas, acelerações, desacelerações, sprints, frequência cardíaca, entre outros índices), os níveis de desidratação (urina e perda de água durante o processo da transpiração) e o registo da temperatura corporal interna.
Este estudo pode vir a auxiliar treinadores, clínicos e atletas a compreenderem quais os efeitos que o exercício praticado no calor poderá provocar nas respostas dos marcadores físicos e fisiológicos. Além disso, este trabalho pode, ainda, ser importante para promover o desenvolvimento de novas investigações/projetos, aumentando assim o estado atual de conhecimento sobre o tópico.
No primeiro dia deste estudo, os participantes do 23.º Estágio do Jogador foram testados num jogo de futebol de 90 minutos, com uma temperatura exterior acima dos 35 graus centígrados.
Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, enalteceu a importância da parceria: "O Sindicato dos Jogadores continua preocupado com esta temática, sendo as vagas de calor extremo cada vez mais frequentes, devido ao impacto das alterações climáticas. O futebol precisa de se adaptar. Depois do que se passou no último Mundial de Clubes, nunca foi tão importante dar espaço ao conhecimento científico para encontrar estratégias de mitigação, que protejam a saúde e bem estar dos nossos atletas. A FIFPRO desafiou-nos a aproveitar as condições únicas que temos no Campus do Jogador durante o Estágio e voltamos a contar com a FPF para a execução deste estudo inovador. Agradeço ao Dr. Vincent Gouttebarge, diretor clínico da FIFPRO, que se deslocou a Portugal para acompanhar o pontapé de saída desta iniciativa e ao Prof. João Brito, fisiologista da Seleção Nacional AA masculina, por toda a disponibilidade e apoio para pôr em prática esta investigação."
Também João Brito, fisiologista da Unidade de Saúde e Performance da FPF e investigador da Portugal Football School, realçou a importância do estudo: "Devido ao aquecimento global, vamos ter cada vez mais jogos de futebol jogados em condições de calor. Neste projeto, estamos a procurar compreender melhor as respostas físicas e fisiológicas de jogadores quando têm de jogar no calor, para que se possam adotar as melhores estratégias de proteção dos atletas, quer ao nível do treino, quer ao nível da organização das competições."
A sessão inaugural deste estudo contou também com a presença de Vincent Gouttebarge, médico e diretor clínico da FIFPRO que esteve, pela primeira vez, nas instalações do Campus do Jogador, em Odivelas, tendo a oportunidade de conhecer o espaço do Sindicato dos Jogadores, bem como os participantes do 23.º Estágio do Jogador.
"Nós sabemos que as temperaturas elevadas influenciam os exercícios dos jogadores de futebol. Pode desempenhar um papel negativo na saúde do jogador. Nalguns casos, o calor excessivo pode levar à insolação pelo que, obviamente, este é um domínio no qual a FIFPRO tem de intervir", esclareceu Vincent Gouttebarge, relativamente à participação da FIFPRO nesta investigação.