Depois da goleada sofrida diante da seleção espanhola e caso perdessem diante de Itália, as lusas seriam eliminadas do Campeonato Europeu. Não aconteceu nesta segunda jornada. Entre vários suspiros de alívios e pequenos milagres, sobrou um empate e as decisões para a última jornada. Afinal, não havia margem para qualquer erro.

A primeira parte foi tensa, de nervos e encaixes. Portugal manteve-se fiel à sua ideia, mesmo com cinco alterações no onze inicial - incluindo o regresso de Francisca Nazareth, após não competir desde março por lesão.

Na defesa, o bloco português manteve-se compacto e disciplinado, com Diana Gomes e Carole Costa a imporem respeito no eixo, enquanto Patrícia Morais dava segurança atrás, perante uma Itália que fez de tudo para chegar ao golo.

A única grande ocasião de golo pertenceu mesmo às italianas, aos 20 minutos, num remate que embateu com estrondo no ferro. Foi um susto, mas também um aviso que não abalou a compostura lusa.

Do meio-campo para a frente, Portugal tentava combinar com critério, mesmo que sem grande profundidade. Tatiana Pinto e Andreia Norton pautavam os ritmos, enquanto Kika Nazareth procurava espaços onde quase não existiam. Sem grandes ocasiões ofensivas, é certo, mas com personalidade e maturidade competitiva, Portugal foi para o intervalo a mostrar que, mesmo sem marcar, estava muito longe de se dar por vencido.

Pintura em tela

A segunda parte trouxe o jogo para outro patamar. Com mais espaço e mais risco, surgiu também o inevitável. A Itália aproveitou uma falha e Girelli, com instinto de capitã, fez o 1-0 aos 70 minutos. Foi um soco no estômago das lusas, que até então tinham cumprido com rigor o plano traçado, mas foi também um golo daqueles que se pintam na tela.

As comandadas de Andrea Soncin continuavam com o pé no acelerador e a dificultar ao máximo a tarefa defensiva lusa.

Aos 80 minutos, pareceu que o destino sorria a Diana Silva, que marcou após um pontapé livre batido pela regressada Francisca Nazareth. O golo foi festejado com homenagem sentida a Diogo Jota, mas por pouco tempo. O VAR anulou o tento por fora de jogo e pareceu complicar tudo às lusas.

Só parecia porque, pouco depois, quando já faltava fôlego e algumas pernas, o coração passou a comandar na seleção portuguesa. Tatiana Pinto encontrou Dolores Silva. A média do SC Braga, acabada de entrar, rasgou pela esquerda e cruzou para trás. A bola sobrou para Diana Gomes, que, num remate algo desajeitado, fez um chapéu inesquecível a Laura Giuliani.

Portugal empatava o jogo com um golo que não nasceu da técnica nem do cálculo, mas possivelmente da alma e de tudo aquilo que tentou construir nos 90 minutos.

Nos descontos, houve ainda um cartão vermelho para Ana Borges e uma defesa salvadora de Patrícia Morais que levaram os últimos minutos ao rubro, mas onde a história não se viu alterada.

Este empate não elimina Portugal. Na última jornada, frente à Bélgica, as contas do grupo vão fechar-se e há um acreditar coletivo luso, pois as belgas não conseguem chegar aos quartos-de-final. Não obstante, o cenário é de alta dificuldade - veja as contas AQUI.