Uma é bom sinal, já começaram a sair. Duas indicia uma cadência. Três define um ritmo mais acelerado. Depois, chega a hora de a nossa aparecer. Se não é das primeiras, assalta-nos progressivamente a ideia de que algo pode não estar dentro do expectável.

É sempre assim, seja de férias ou em trabalho. E é sempre assim nas várias etapas de uma viagem de arranque para um trabalho. É o meu caso, que hoje aterrei em Frankfurt. O Pedro Jorge da Cunha veio ao primeiro e voltará, esperemos, para a meia-final. O Duarte Monteiro (des)esperava por companhia. A ele me juntei esta segunda-feira. Até sábado, esperemos.

Já acompanhei muitas vezes equipas portuguesas no estrangeiro. Tive a felicidade de fazer finais de Champions ou o Euro 2020. Mas a sensação em voos é sempre a mesma: nenhum medo de voar, todo o medo que algo fuja do plano traçado. E se adormeço? E se não há Ubers nas redondezas? E se apanho trânsito ou, pior, acontece alguma coisa até ao aeroporto? E as filas? Desta vez até tinha mala para despachar, ainda mais complexo seria... E se o avião tem algum atraso? Ainda por cima, desta vez era a viagem no dia do jogo, algo que nunca tinha feito.

A infinidade de possibilidades de que algo corra mal tirou-me a possibilidade de dormir confortavelmente as três horas que podia ter de sono. Não tenho dúvidas que a muitos aconteça, mesmo em lazer. No meu caso, o tapete já foi atirado ao chão: não há como contornar este medo cénico, que em situações como a de hoje resultou em duas longas horas sentado no aeroporto. Felizmente, pude rever todo o jogo de Portugal contra a Turquia - e estava ali a chave, oxalá os eslovenos também se soltem na pressão.

Ora, correu bem. Já instalado, com acreditação, de banho tomado e estômago a resmungar, escrevo-vos livre de medos e vestido de ansiedade e entusiasmo. O de 2020, que foi em 2021, soube bem, mas foi diferente, distante, de máscara e sem grande emoção. Por tudo e mais alguma coisa.

Desta vez, é realmente especial. E, no meio de tantos medos e receios em relação ao planeamento, dou por mim a recuar 20 anos e a reencontrar aquele jovem aspirante a jornalista que sonhava um dia pisar estes palcos. Que bom aqui estar.

O meu Euro começou há quatro meses, entre reuniões, planeamentos e buscar por sustentabilidade (o jornalismo não vive bons dias, mas há sempre formas). Mesmo assim, pressinto hoje um pontapé de saída.

Felizmente, Roberto Martínez fez questão de o referir em conferência de imprensa. É agora que o Euro «começa». Só peço para não ter de vivenciar nova ansiedade com malas e aeroportos já amanhã...