
Nicolas Tié rescindiu com o V. Guimarães em 2023 e, depois de pendurar de vez as luvas, entrou no exército francês. Desiludido com o futebol, o antigo guarda-redes de 24 anos, que passou pelos escalões de formação do Chelsea, admite que se sentiu "desrespeitado" no clube minhoto e a desilusão com o mundo do futebol levou-o a procurar outra profissão. Desde 1 de abril deste ano veste as cores do regimento de paraquedistas e garante estar preparado para tudo. Até para lutar na Ucrânia, se for necessário.
"Fiz bons testes, entrei no regimento que pedi. Estou pronto, treino todos os dias para isto", contou o ex-futebolista franco-costamarfinense ao jornal 'Ouest France', explicando a mudança de profissão. "O gosto pelo futebol perdeu-se. Sempre gostei de profissões militares, por isso pensei 'por que não entrar para o exército?' O meu sogro é paraquedista na Costa do Marfim. Fui ao quartel, para ver. Inspirou-me."
Reconhecendo que nunca sonhou ser profissional de futebol, diz-se orgulhoso da "pequena carreira" que fez. "Simplesmente aconteceu comigo, tive sorte", contou, acrescentando que guarda "boas recordações", apesar do final ter sido difícil.
Esse final aconteceu na equipa B do V. Guimarães, em 2023, depois de alguns meses de tensão. O ex-guarda-redes recorda que no início de 2022 teve tudo certo para ser emprestado ao FC Saint-Gall, até esteve a treinar na Suíça, mas de repente foi chamado para regressar a Guimarães, para treinar na equipa B. "Confrontei o treinador e pedi-lhe que não fizesse isso comigo. Ele respondeu-me 'não vem de mim, vem de cima'." Nicolas Tié recorda que contou com o apoio de alguns jogadores, como Bruno Varela e Ricardo Quaresma.
Na parte final dessa época, depois de o treinador da equipa B dizer que contava com ele, o guardião lesionou-se num ombro e o clube encaminhou-o para uma clínica no Porto, onde foi operado por "um cirurgião que estragou tudo". Procurou a expensas próprias um especialista em Paris e sentiu-se abandonado. "Fui desrespeitado", garantiu nesta entrevista ao jornal francês.
Forçou a rescisão em 2023, apesar de ter mais dois anos de contrato. "O dinheiro não é o mais importante para mim..."
Mas, sem estudos superiores ou qualquer experiência laboral, o que poderia então Nicolas Tié fazer aos 20 e poucos anos? "Sou atlético, não me imagino a fazer um trabalho de escritório", constatou.
Até que um dia decidiu ir a uma base de recrutamento do exército em França e dois meses depois tinha a questão resolvida. "O capitão Louis (Soye) soube aconselhar-me, ajudou-me a compreender. Fez-me amar ainda mais o exército!", elogiou, explicando que até já recebeu os parabéns de Hilário, ex-guarda-redes português que foi seu treinador no Chelsea.
E assim... "Aqui estou eu!", exclama, agora como militar, decidido a proteger o seu país, seja onde for. "Não faço política. Estou comprometido em resolver o problema na sua origem. Se a operação externa na Ucrânia estiver em aberto, vamos lá! Isso não me assusta."