A chegada de Toprak Razgatlioglu à Pramac Yamaha em 2026 abalou profundamente o xadrez do mercado de pilotos. O campeão de Superbikes abandona a BMW e ingressa na categoria rainha, obrigando várias equipas, tanto na MotoGP como no Mundial de Superbikes, a repensarem as suas estratégias para os próximos anos.

A seguir, quatro grandes questões que emergem desta mudança:

Pramac terá de escolher entre manter Oliveira ou Miller — ou substituir ambos

A entrada de Razgatlioglu deixa apenas uma vaga livre na Pramac. Miguel Oliveira tem contrato garantido para 2026, mas Jack Miller tem registado melhores prestações durante esta época. Como o contrato do australiano termina no final do ano, a equipa pode optar por seguir com Oliveira — ou fazer uma mudança mais radical.

Uma possibilidade em aberto é a substituição dos dois pilotos por talentos emergentes da Moto2, como Arón Canet ou Manuel González – que até já testou esta semana a Aprilia RS-GP25, um prémio da Trackhouse, sem qualquer previsão de haver ou ser uma hipótese de mercado para a equipa de Justin Marks. A Pramac tem histórico de servir de rampa de lançamento a jovens promessas, como Bagnaia e Petrucci, e poderá repetir a fórmula. Dado que tanto Oliveira como Miller, já na casa dos 30 anos, e a equipa poderá procurar sangue novo.

Honda perde uma peça-chave dos seus planos

A Honda via em Razgatlioglu uma solução a médio prazo e muitos foram os rumores sobre essa possibilidade, com estes a apontarem mesmo que a fabricante japonesa até poderia ter acenado com vários milhões ao piloto. Competir primeiro em Superbikes com a marca nipónica e depois subir ao MotoGP terá também chegado a ser uma oportunidade, alegadamente. Com essa hipótese fora de equação, a marca tem agora de reconsiderar os seus planos para ambas as frentes.

Do lado da MotoGP, nomes como Jorge Martín ou Pedro Acosta poderão ser tentadores, embora impliquem negociações contratuais complexas. No paddock das Superbikes, também há poucas soluções disponíveis: Bulega renovou com a Ducati, Locatelli continua na Yamaha, e os pilotos da Bimota têm vínculos renovados. Alternativas? Manzi, Iannone ou até um regresso de Luca Marini às SBK.

BMW fica sem o seu trunfo principal

Com a saída de Toprak, a BMW perde o único piloto que lhe deu vitórias sólidas no Mundial de Superbikes desde o regresso oficial da marca. A perda é significativa, pois nenhum outro piloto conseguiu tirar tanto proveito da M1000 RR.

A contratação de Bulega seria o cenário ideal, mas o italiano já renovou com a equipa de Borgo Panigale. Álvaro Bautista poderá estar disponível, mas a idade e o seu histórico com motores de quatro cilindros não jogam a seu favor. Jonathan Rea poderá ser uma solução possível, assim como Luca Marini, conhecido pela sua abordagem metódica. Ainda assim, é improvável que alguém consiga igualar o impacto imediato que Toprak teve na equipa.

Pilotos jovens do Moto2 com menos espaço

A entrada de um piloto vindo do Mundial de Superbikes reduz ainda mais o espaço disponível na grelha da MotoGP, onde normalmente os melhores talentos da Moto2 encontram oportunidades.

Manuel González, que lidera a classificação da categoria intermédia e já fez testes com uma MotoGP, é um dos principais candidatos à subida. No entanto, com Razgatlioglu a ocupar um lugar numa equipa competitiva, o caminho para pilotos como ele torna-se mais estreito — pelo menos no imediato.

Importa referir que Sergio García, Diogo Moreira ou Jake Dixon já foram associados, numa ou outra altura, também a um hipotético lugar na categoria rainha mas tal cenário é, neste momento, mais difícil senão praticamente impossível no que toca a 2026, e nessa altura já outros poderão também crescer e ser visto como hipótese, como é o caso de Deniz Oncu, David Alonso, apenas para citar alguns.