
Na última jornada do campeonato, o SC Braga recebe o Benfica (este sábado às 18 horas), numa partida importante para as contas do título, mas Carlos Carvalhal apenas pensa na vitória da sua equipa, de forma a encerrar a temporada da melhor forma possível, perante os seus adeptos.
«Antevejo um jogo difícil, obviamente que sim, frente ao Benfica que tem um excelente treinador e equipa técnica que conhecemos bem. Além da sua componente estrutural, também tem uma vertente estratégica muito forte. Estamos à espera de um jogo de grau de dificuldade elevado, sendo que esse nível é quase sempre proporcional à ambição de vencer. Era bonito e acho que merecido para a nossa equipa terminar com uma vitória, tendo em conta a prestação desde janeiro. Vamos fazer tudo para que isso aconteça e vamos lutar com todas as forças para isso», começou por dizer o técnico, de 59 anos, que desvalorizou o âmbito específico deste encontro.
«Representar o SC Braga tem de ser um estímulo permanente, em todas as circunstâncias. Digo-o nos jogos particulares, porque têm a obrigação de dar o seu melhor em todos os jogos. É esse o espírito que incutimos desde o início, ganhámos mais vezes do que perdemos, mas não jogamos sozinhos. A intenção é sempre ganhar e amanhã não vai fugir à regra. Um clube como o SC Braga tem que ter a matriz de querer vencer os jogos todos.»
O treinador dos arsenalistas fez também um balanço geral desta época. «Num plano conjuntural deu-se a nossa entrada no clube, a dois ou três dias de um jogo que definia a continuidade nas competições europeias, e depois tivemos uma sequência de jogos tremenda, de um grau de dificuldade tremendo, até ao final de dezembro. Mas ainda há pouco vi, no final de dezembro estávamos a dois pontos do Santa Clara, quatro à frente do V. Guimarães, pois estávamos em 5.º a 12 pontos do FC Porto. Neste primeiro plano foi quase de colar peças. No plano estrutural fizemos o plantel mais à nossa imagem, com a contribuição absolutamente decisiva do presidente António Salvador. Em conjunto fizemos a reformulação, com uma aposta maior nos jovens, e aí o caminho foi completamente diferente, com uma prestação fora de casa a roçar a perfeição. A pontuação também foi de tal forma que conseguimos chegar a estar acima do FC Porto e temos uma vantagem larga para o Santa Clara e o V. Guimarães. Esta equipa, com muitos jovens, venceu o Benfica na Luz, venceu o FC Porto aqui em casa e empatou em Alvalade», analisou, admitindo que falhou o objetivo de terminar no pódio.
«Fizemos uma entrada muito boa, corrigimos isso. Neste último jogo tivemos oito oportunidades claras de golo e não marcámos, essa foi a diferença para os restantes jogos. Houve quebra nos resultados, sim, obviamente que sim. Tínhamos a expectativa de chegar ao 3.º lugar e gorámos essa expectativa. Também aumentou o grau dificuldade, porque o Santa Clara é uma equipa boa, empatámos em Famalicão, mas também perderam lá algumas equipas que lutam pelo título. Aumentou o grau de dificuldade, mas não foi por aí, pois estávamos num momento em que com uma ou duas oportunidades fazíamos um golo e agora em sete ou oito não fizemos.»
Na sua recandidatura à presidência do SC Braga, António Salvador anunciou que tem o título de campeão como meta nos próximos quatro anos e o técnico acompanha essa demonstração de intenções.
«A minha ideia é coerente com a do clube e com a do presidente. Aposta forte nas infraestruturas, especialmente para a formação, e esse é o caminho. Quando o presidente diz que quer ser campeão, eu acompanho-o nesse desejo. Há que ter um plano, pois não passa de desejo ou sonho, e o plano está em execução. Já na última passagem, a nossa equipa técnica também contribuiu para a valorização dos jogadores e agora vamos olhando para tudo o que se passa na formação. O presidente está a olhar da mesma forma e obviamente há trabalho a fazer, ele é uma pessoa responsável para fazer com que isso aconteça. Também, penso eu, está a olhar para os direitos televisivos. Claro que também tem de ser feito um recrutamento de jogadores experientes para darem estabilidade. Com todos estes pergaminhos, o SC Braga tem todas as condições para estar a lutar pelo título nos próximos quatro anos», afirmou, mas preferiu resguardar-se quanto ao facto de ser ele o treinador para esse objetivo.
«Não sou eu que tenho de responder. Essa pergunta tem de ser feita ao presidente. Tenho consciência do trabalho desenvolvido, foi difícil, correu bem até dezembro, mas podia ter corrido mal, também podia ter corrido bem e quando efetuámos alterações o percurso foi melhor. Temos de seguir o plano, com esse objetivo estrutural.»
Os avançados da equipa tiveram números, nomeadamente em termos de golos, bastante modestos e Carvalhal reconheceu que não era isso que esperava, nomeadamente com a chegada de Fran Navarro.
«O que peço aos jogadores é que têm de ser jogadores de equipa e aos avançados também, porque são os primeiros defesas e também os primeiros que têm de atacar, pois estão mais próximos da baliza adversária. Quanto ao trabalho, à atitude e ao comportamento, nada a apontar. Se é necessário numa equipa que tenha ambição ter um ou dois jogadores que façam 15 ou 20 golos? Claro que sim. É fundamental! Tenho de reconhecer que isso foi uma lacuna este ano. A vinda do Fran Navarro e falei com ele ontem, não conseguiu mostrar 50 por cento do seu valor, não conseguiu demonstrar o seu nível altíssimo de rotação, também esteve lesionado. Deu o seu contributo, dentro do seu máximo. Uma equipa que luta por ambições altas tem de ter avançados que marquem 15 ou 20 golos. Com oito oportunidades fazer quatro golos. Também jogadores que criem sozinhos, como o Vitinha fazia, que com um pontapé para a frente conseguia levar a bola e fazer golo.»
Sendo o último jogo da época, o treinador assumiu que seria bom terminar numa nota positiva, mas voltou a alertar para as qualidades do Benfica.
«É sempre importante vencer. Mas, mau era se estivéssemos a falar do futuro do SC Braga para a próxima época por causa de um jogo. É importante sim, tal como foi a vitória na Luz. Tudo isto dá alento e é bom para estes jovens. Seria um boost para o momento e também para o futuro. Esperamos um Benfica que é uma equipa forte que perdeu poucos jogos no campeonato. Que se bateu com Mónaco e com o Barcelona, dividindo os jogos. Em qualquer circunstância, o Benfica é uma equipa forte e, em qualquer circunstância, também o SC Braga é uma equipa forte em casa, na sua fortaleza e é um osso duro de roer.»