O SC Braga vem de um resultado negativo na Liga Europa - derrota por 0-3 com a Roma -, numa partida em que a exibição também deixou muito a desejar, levando mesmo o presidente António Salvador a intervir publicamente, pedindo compromisso. Carlos Carvalhal revelou que o grupo pretende dar uma resposta, perante as palavras do dirigente máximo do clube.

«Queremos dar a melhor resposta possível, obviamente. Dissecamos o último resultado, a exibição, o que falhou, o que podíamos ter feito melhor. Mas, é passado e neste momento estamos virados para o futuro, porque do passado não conseguimos fazer nada, mas conseguimos fazer muito pelo futuro. Vamos começar um processo em que vamos ter muitas coisas para decidir. Viramos agora para o campeonato, depois teremos a final four da Taça da Liga, a eliminatória da Taça de Portugal e os momentos de decisão na Liga Europa, em cerca de 40 dias. Convoco os adeptos do SC Braga para apoiarem a equipa, é um jogo importante para arrancarmos em direção ao que queremos e sermos felizes.»

O treinador dos guerreiros vem falando em certas dinâmicas de grupo que vão criando dificuldades na consistência, mas também no seu próprio trabalho, considerando mesmo que este é o maior desafio da sua carreira.

«Devem-se a muita coisa, à imaturidade dentro de campo, social também, em relação à própria grandeza do SC Braga. Tudo isto implica crescimento das pessoas, melhoria do relacionamento entre jogadores, dos comportamentos dentro do campo que não são muito normais ou não aceitáveis e depois custam pontos na dimensão do SC Braga. Em termos da dinâmica de grupo de canalizar toda a gente para um fim, é o desafio mais difícil que tive nas minhas mãos e, por isso mesmo, estou agarrado a ele como uma lapa. Quero sair bem-sucedido disto, quero canalizar esta gente toda para o mesmo lado, toda a gente remar com o mesmo sentido e preciso da ajuda dos adeptos. Há muitas coisas para trabalhar, em termos de maturidade, não só dentro do campo, também fora dele. Tenho tido um trabalho em mãos muito difícil, disse isso aos jogadores, fui claro, falei olhos nos olhos. A reação à minha conversa foi espetacular. Espero que tenha servido de pedra de toque para se abraçarem, juntarem e perceberem, porque percebem e têm muita vontade de começarmos, já amanhã, uma caminhada muito importante, em que vamos decidir muitas coisas. A realidade é que este grupo de trabalho, nos momentos de decisão deram sempre um passo à frente. Disseram estamos aqui para ganhar, vamos ganhar e ganhámos. Há coisas para limar? Com certeza. Mas, estamos melhor que há um mês e muito melhores que há dois meses.»

Carlos Carvalhal esclareceu o incidente que retirou Bruma e Niakaté da convocatória para o último jogo, referindo que são situações normais e afirmando que estão ambos convocados para a partida com o Famalicão.

«Não adianta esconder, houve qualquer coisa que aconteceu e por isso não foram convocados, estou aqui para garantir a disciplina no clube e em função disso decidir. Não foi nada de muito grave, nem foi uma situação inédita, até aconteceu na minha passagem aqui no SC Braga. Todos os anos acontece isto, em todos os clubes, há destas situações, infelizmente. Porque são homens, porque vivem de emoções, estão a treinar e podem ter um desacato um com o outro. Não estamos a valorizar muito. Em função desse comportamento não mereceram ser convocados. Agora estão convocados para amanhã [hoje] e vamos ver se jogam ou não.»

O técnico também confessou que foi abordado pelo Al-Shabab, da Arábi Saudita, mas recusou o convite no imediato.

«Fui sondado, mas não ouvi proposta, pois disse que estava indisponível, porque assumi o compromisso com o presidente de ficar até ao final da época. Tenho a intenção clara de ficar os dois anos. O que digo é que estou bem no SC Braga e estou com um desafio enorme entre mãos.»