Seis dos melhores tenistas do mundo, quase todos vencedores de títulos do Grand Slam, dois deles dos melhores de sempre, outros dois a caminho disso. O Six Kings Slam, realizado na Arábia Saudita no último fim de semana, juntou Novak Djokovic, Rafael Nadal, Jannik Sinner, Carlos Alcaraz, Daniil Medvedev e Holger Rune, unidos pela vontade de jogar ténis mas, principalmente, seduzidos por chorudos cheques oferecidos pela organização saudita.

Só por comparecer, os seis tenistas receberam cerca de 1,5 milhões de euros, maquia que suplanta boa parte dos prémios oferecidos a vencedores de torneios oficiais. E o vencedor, neste caso Jannik Sinner, levou para casa 6 milhões de dólares, cerca de 5,5 milhões de euros. Numa comparação rápida, era preciso vencer Wimbledon duas vezes para recolher tal valor.

Em termos competitivos, o Six Kings Slam não ficará na história, até porque era um torneio de exibição. O último duelo entre Rafael Nadal e Novak Djokovic teve apenas pequenos momentos de entusiasmo, apesar do enorme simbolismo, que não foi devidamente dignificado. O espanhol, que poucos dias antes havia anunciado a sua retirada no final da época, jogou ainda com Carlos Alcaraz, numa espécie de passagem de testemunho.

Em Riade, Alcaraz não ganhou, mas arrebata agora o prémio de honestidade. O bicampeão de Wimbledon vai esta semana jogar o Masters de Paris, onde poderá reencontrar-se com Jannik Sinner, com quem perdeu a final do Six Kings Slam. Nas vésperas do último torneio 1.000 do ano, o italiano disse que foi ao torneio de exibição saudita, jogar para um pavilhão cheio de clareiras, porque estariam lá “os seis melhores jogadores do Mundo” e não queria perder a oportunidade de “medir” o seu nível contra eles - algo que, na verdade, tem a oportunidade de fazer variadíssimas vezes por ano em torneios ATP e do Grand Slam. “Eu não jogo por dinheiro”, sublinhou o número um mundial.

Sinner e Alcaraz jogaram a final do Six Kings Slam, em Riade
Sinner e Alcaraz jogaram a final do Six Kings Slam, em Riade Richard Pelham

Abordagem bem diferente e mais pragmática sobre o tema teve Alcaraz. Questionado pelos jornalistas em Paris sobre a sua presença no torneio de Riade, o miúdo de 21 anos, que ainda há bem pouco tempo vivia com os pais num pequeno apartamento em El Palmar, em Múrcia, reconheceu que o prémio monetário do Six Kings Slam foi um incentivo grande para apanhar um avião até à Arábia Saudita e fazer parte do show.

“Se disser que fui só para me divertir, para jogar ténis e sem pensar em dinheiro, estaria a mentir. Toda a gente trabalha também por dinheiro, a vida é assim”, apontou Carlitos. O prodígio espanhol sublinhou que adora jogar ténis e que muitas vezes o faz sem pensar nos bolsos cheios e em contas recheadas. “Mas temos de ser realistas: também se joga para ganhar dinheiro. Este torneio tinha o maior prémio monetário de sempre, foi um bom incentivo para mim”.

É possível que o valor que Carlos Alcaraz arrecadou em Riade venha a ser uma gota de água no dinheiro que o seu entusiasmante ténis lhe vai permitir ganhar nos próximos anos, seja no court, seja em contratos publicitários. Ainda assim, não teve receio em assumir o óbvio.