O Benfica enviou uma carta à Liga a pedir a suspensão da centralização dos direitos televisivos e uma investigação a antigos árbitros.

O Benfica enviou uma carta ao presidente da Liga, Reinaldo Teixeira, na qual pede a suspensão do processo de centralização dos direitos televisivos do futebol profissional português. O clube considera que o processo «está atrasado, em risco de falhar os objetivos e já desatualizado».

Rui Costa, presidente do Benfica, questiona a viabilidade financeira da centralização, sublinhando que ainda não foi apresentado nenhum plano credível que comprove que o modelo irá gerar mais receitas. O clube recorda que «foi revelada publicamente uma aspiração de 300 milhões de euros, mas esta carece de fundamentação credível à luz da realidade atual» e estima que «na realidade atual do mercado audiovisual, é provável que o valor da centralização não atinja sequer os 150-200 milhões de euros».

O documento destaca também a «ausência de uma estratégia de internacionalização clara», a falta de «investimento na modernização da infraestrutura física», a concentração excessiva do mercado doméstico «sem concorrência efetiva entre operadores» e o combate à pirataria que «continua ausente». Além disso, o Benfica critica o elevado custo para os adeptos, estimado em 500 euros anuais para assistir ao futebol na televisão.

O Benfica anunciou a suspensão da sua participação na gerência da Liga Centralização, «não acreditando que o processo em curso satisfará as necessidades do futebol português e do Benfica em particular». O clube vai solicitar audiências urgentes ao Governo e aos grupos parlamentares para discutir o processo. Paralelamente, vai pedir à Federação Portuguesa de Futebol, à Liga e à Procuradoria-Geral da República uma investigação sobre a atuação de ex-árbitros em estruturas do futebol, alertando que «a contratação de antigos árbitros para estruturas de clubes e organizações de futebol coloca em causa a transparência e isenção».

O clube defende que os clubes profissionais devem unir-se para acordar uma posição comum, apresentando um plano alternativo que inclua «um estudo sobre os valores esperados para diferentes quadros competitivos», a «criação de um fundo de emergência para acautelar dificuldades financeiras na transição», «propostas de formatos alternativos para distribuição e promoção do produto», um «modelo de distribuição com base em mérito desportivo, valor mediático e audiências», «investimentos mínimos obrigatórios em infraestruturas e tecnologia», «mecanismos de escuta regular de adeptos e operadores», um «plano de combate à pirataria» e uma «proposta de revisão fiscal e revisão do regime de seguros desportivos e proteção social».

«Não podemos embarcar numa aventura mal preparada, que corre o risco de destruir valor, reduzir receitas e comprometer de forma duradoura o desenvolvimento do futebol em Portugal», conclui a carta assinada por Rui Costa, que reforça a convicção de que «continuar a avançar sem estas garantias e um processo estruturado é um salto no escuro».