Marco Galinha admitiu, esta sexta-feira, avançar com uma candidatura à presidência do Benfica.

«Candidatura depende do apoio da família? Depende, sim. Eu não quero estar a tomar decisões, depois do que passei nos media, de ser perseguido. E não quero voltar a ser perseguido. Eles têm de sentir que isso pode acontecer novamente. Eu tenho alinhado no nível do pensamento que o Benfica é das melhores, se não a melhor coisa que Portugal tem, a melhor marca, temos Cristiano Ronaldo também, mas tem um tempo limite de vida. É a marca que nós temos desde os Descobrimentos que pode levar o país mais longe. Nós perdemos quase tudo e, na dimensão mundial, nós hoje só somos grandes no futebol, mas nunca liderámos num clube. É  tudo setes na minha vida. Sou também o sétimo filho e nasci às sete da manhã. Acho que os astros estão alinhados para criar ali um projeto único», referiu o empresário, em entrevista ao programa Dúvidas Públicas, da Renascença.

«O Benfica é mais que um clube de futebol. Quando ganha o PIB português sobe. Deve atingir a liderança da Europa. E acho que há condições para isso. É preciso gestão séria, credível, de primeira linha. E esse desafio, de certa forma, entusiasma-me. Mas isso é um percurso que tem de ser corrido. Tinha que encontrar um CEO para o Grupo BEL, tinha que fazer essa transição e não quero acreditar que isto se faz assim às três pancadas. Agora, nós reunimos informação, fizemos um levantamento total, não baixei os braços, não disse que não, mas também não disse que sim», prosseguiu, negando ser testa de ferro de Luís Filipe Vieira.

«Uma vez organizámos um almoço nesta mesma propriedade (Rio Maior), onde foram 22 pessoas. E é curioso que só falam sempre nas pessoas que estão a tentar rotular, algumas ligações ao antigo presidente do Benfica. Não vou dizer [nomes]. Mas só falam nas pessoas que estão a tentar rotular-me ao presidente Vieira, o que é de muita forma injusto para as outras, e também é injusto para ele, que não foi julgado e foi julgado na praça pública. Eu acredito na justiça e o homem, coitado, foi condenado de uma forma transversal na praça pública. E também é preciso reconhecer que ele, quando chegou ao Benfica as contas estavam todas partidas. Eu tive uma vez ou duas vezes na minha vida com o Sr. Luís Felipe Vieira e estão a dizer-me que eu sou o testa de ferro dele. Falso. Completamente falso. O que eu sei dele é só uma coisa: quando ele chegou ao Benfica aquilo estava tudo partido e quando ele saiu as contas não estavam assim tão más. E vamos ver como é que está o futuro», referiu.

Marco Galinha, acionista do grupo Global Media, avaliou a atual situação financeira dos encarnados.

«Para já acho que o Rui Costa é uma instituição do Benfica. Eu gosto do Rui Costa, como jogador de futebol, tem um valor incalculável. O próprio Rui Costa percebe as minhas palavras. E se ele fosse um pouco mais estudioso aos pormenores financeiros ele se calhar percebia que aquele não é o caminho. O que eu vejo é os custos a aumentarem muito e a receita a diminuir. Faz-me lembrar a Global Media, chega um dia que a coisa corre mal. Os sócios do Benfica têm que escolher de uma forma livre e também devem criar condições e não criar bloqueios. Porque eu sei que há muita criatividade e muitas manhas ali para afastar candidatos e isso é antidemocrático. O que me preocupa da gestão financeira é os custos a aumentar. Eu estudei as contas ao pormenor, não é uma boa imagem. As prestações de serviço aumentam a uma velocidade nunca vista e a receita a cair. O Benfica merece ter uma gestão como o Bayern. É um clube com dimensão na Europa, sem dívidas nenhumas, de pessoas profissionais e exemplares e que estão lá porque não precisam do clube», afirmou, defendendo que o Benfica «tem de ser continuar a ser dos sócios».

«O Benfica tem de ter sócios que tragam valor para o Benfica. Não tem que ter sócios que se aproveitem do Benfica. Era uma pena enorme ter alguém que controlasse o Benfica maioritariamente, retirava o valor total ao clube. É a maior instituição portuguesa. Era a mesma coisa que vender o Mosteiro dos Jerónimos. Não sei se a Troika não tentou isso no passado, mas era problemático perder esta instituição, é o nosso ADN. O Benfica é Portugal, os outros clubes que me perdoem», completou.