A organização ambientalista WWF Portugal salientou hoje a importância da criação de novas áreas marinhas protegidas, mas alertou que a concretização e eficácia dependem de planeamento estratégico, financiamento adequado e governação coordenada.

Numa conferência de impressa hoje em Nice, onde decorre a terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3), a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, anunciou a criação da área marinha protegida (AMP) do Banco de Gorringe, a sudoeste do Algarve, que fará com que Portugal se aproxime do objetivo de ter 30% de oceano protegido até 2030, ficando com 27%. E disse que está planeada a criação de outra AMP, em águas dos concelhos de Cascais, Sintra e Mafra.

Num comunicado após a conferência de imprensa e uma reunião da ministra com organizações ambientalistas a WWF afirmou que "o caminho para atingir a meta de proteger efetivamente 30% do oceano até 2030 exige mais do que a designação de novas áreas: requer uma rede ecologicamente coerente de AMP, com planos de gestão robustos, participação das comunidades e fiscalização eficaz".

A associação acrescenta que a ausência de planos de gestão das áreas já designadas, como reconhecido em relatórios recentes, "continua a comprometer os benefícios esperados para a biodiversidade marinha e para as comunidades costeiras".

A WWF diz também no documento que aguarda com expectativa a publicação do diploma, anunciado pela ministra, sobre a criação da Rede Nacional de Áreas Marinhas Protegidas, porque pode ser "um instrumento essencial" para garantir a coerência, ambição e responsabilidade na expansão da proteção marinha.

A WWF pede ainda, no comunicado, que se esclareça a forma de financiamento da gestão das AMP, e recorda que Portugal se comprometeu há três anos a desenvolver um plano de ação para a gestão dos tubarões e raias, o que ainda não aconteceu.

E assinala a adesão de Portugal à declaração conjunta de apoio ao Tratado Global contra a Poluição por Plásticos, que será debatido em Genebra em agosto.

Um dos temas da UNOC3 é a proteção dos oceanos de modo a serem sustentáveis e uma das metas das Nações Unidas é que até 2030 os países tenham 30% da sua área marítima com estatuto de proteção.