Um dia depois do protesto dos bombeiros sapadores, com tochas e petardos, André Ventura acusou o Governo de aproveitar a escalada para "não negociar nada" e apelou a uma "grande manifestação" destes profissionais, sugerindo a realização de um novo protesto frente à Assembleia da República (AR).
“Não era novidade para o Governo, nem para a AR. A reivindicação é absolutamente justa, nós compreendemos perfeitamente as razões da indignação destes bombeiros. E isto tem um responsável e este responsável é o primeiro-ministro. Estes profissionais estão absolutamente exaustos de chegar a uma solução com o Governo”, afirmou André Ventura, apontando para a necessidade do aumento de subsídio de risco e revisão da carreira.
O líder do Chega lamentou a atitude do Executivo em relação aos bombeiros profissionais, vincando que se existe uma profissão de risco é a dos bombeiros e não é aceitável que o salário desta classe ronde os 1000 euros, acreditando que os bombeiros portugueses sejam os mais "mal pagos da Europa", sem ter os riscos “acautelados”. Acusou ainda o Governo de se aproveitar da situação e rejeitar negociar “sob coação”, porque “fingiu” manter negociações e não tinha a intenção de "chegar a acordo".
Mais: defendeu que os bombeiros se sentem desligados dos seus sindicatos, dominados por “forças antigas de esquerda” e ainda ancorados nas “CGTPs desta vida”, que já não representam os trabalhadores e até “desautorizaram” os bombeiros. Mas voltou a recusar que o Chega esteja a instigar estes profissionais (apesar de apelar a uma grande manifestação).
“Não escondemos a nossa relação com sectores da sociedade civil mal remunerados, mas isso não implica uma relação institucional. O Chega não se esconde ou usa intermediários”, assegurou, notando, por exemplo, que foi o primeiro a assumir responsabilidade pela colocação de tarjas na AR contra o fim do corte dos salários dos políticos. É esta a “injustiça” que os bombeiros percebem que são alvo, quando veem repostos os salários dos politicos, após a troika.
Só perante a insistência dos jornalistas, o líder do Chega reconheceu que apesar de os profissionais terem razão, a forma encontrada para o protesto “pode não ter sido a mais acertada”. “Quando há muita indignação, há muito protesto. Porém, os bombeiros chegarão a melhor resultado se o fizerem cumprindo a legislação que temos em Portugal, que é uma legislação que até nem é muito difícil”, admitiu.
Apesar de considerar que o Governo está a “atirar lenha para a fogueira”, ao rejeitar negociar com os bombeiros, Ventura voltou a não contribuir para a pacificação, assumindo o papel de 'aliado' destes profissionais. "Penso que os bombeiros deviam fazer uma grande manifestação. Podia ser aqui mesmo, no Parlamento. Podem comunicá-lo e podem mostrar ao país a sua indignação", atirou.
A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais marcou hoje uma reunião para o próximo dia 20 para discutir novas ações de luta, enquanto o Executivo apelou à responsabilidade destes profissionais.