Representantes russos e ucranianos estiveram esta quarta-feira à tarde reunidos em Istambul, Turquia. No final do encontro, a Rússia propôs um cessar-fogo temporário entre 24 a 48 horas para a recolha de corpos dos soldados mortos ou feridos em combate e acordou-se a troca de 1.200 prisioneiros.

A medição de forças entre os dois países parece não ter fim e, embora ambos tenham assumido a vontade de colocar um ponto final na guerra, a verdade é que têm visões diferentes sobre como chegar a esse entendimento. A Ucrânia exige um cessar-fogo total antes de discutir uma paz duradoura, já Rússia quer o oposto, insistindo em acordar os termos de paz antes de parar a ofensiva.

Nesta terceira ronda negocial, que durou 40 minutos, "apesar do cessar-fogo, ainda não houve progresso" para um acordo final, como referiu o porta-voz da delegação ucraniana e secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa, Rustem Umerov.

Ainda assim, houve um pequeno avanço como, por exemplo, a expansão de canais de comunicação informais para entendimentos e questões humanitárias como a troca de mais prisioneiros.

O cessar-fogo, que poderá chegar às 48 horas, terá como objetivo a recolha de corpos dos soldados mortos ou feridos em combate. Ficou ainda acordada a troca de 1.200 prisioneiros entre os dois países e a entrega por parte da Rússia de três mil corpos de militares ucranianos mortos.

Entretanto, Volodymyr Zelensky já reagiu, na rede social X. O presidente ucraniano agradece a todos os que contribuíram para que esta troca fosse possível e diz que a prioridade continua a ser trazer todos os prisioneiros de volta à Ucrânia.

" É importante que as trocas continuem e que o nosso povo regresse para casa. Agradecemos a todos que dão continuidade a este trabalho vital. O retorno de todos os nossos cidadãos é uma prioridade para o Estado. E continuaremos todos os esforços para garantir que todos os nossos cidadãos retornem do cativeiro", sublinhou.

Foi ainda partilhada na rede social uma publicação com as imagens deste emotivo regresso a casa.

Porta-voz ucraniano diz que é "prioridade número um" reunir Putin e Zelensky

Após a reunião, Umerov referiu que a Ucrânia ofereceu-se para organizar um encontro entre os dois líderes até ao final de agosto e que essa deveria ser a "prioridade número um" porque os "problemas estruturais" só podem ser resolvidos com Zelensky e Putin.

O porta-voz da delegação apelou ainda que os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Turquia, Erdogam, estejam presentes neste mesmo encontro porque a participação de ambos será "muito valiosa".

"Um verdadeiro cessar-fogo e o fim de todos os ataques a infra-estruturas civis poderiam ser os primeiros passos para uma paz duradoura. Propomos ao lado russo a realização de uma reunião de líderes. Ao concordar com esta proposta, a Rússia pode demonstrar claramente a sua abordagem construtiva a todos a nível mundial, incluindo os nossos parceiros."

Chefe da deleção russa não rejeita encontro... mas com salvaguarda

O assessor de Putin, Vladimir Medinsky, liderou a equipa russa neste encontro e não descartou a reunião. No entanto, sublinhou que para isso acontecer é preciso "primeiro definir as condições do acordo e entender o que será realmente discutido nesta reunião".

"Esta reunião não é para discutir um acordo, mas para encerrá-lo, assiná-lo [acordo final]. Como diz o ditado: 'O fim coroa o trabalho'. Não faz sentido que Putin e Zelenskiy se reúnam para discutir tudo isto novamente", sublinha.

Sobre a reunião desta quarta-feira, o assessor russo afirma que "as posições dos dois lados são muito distantes", justificando assim o reduzido progresso a que chegaram.