
O Presidente norte-americano, Donald Trump, abandonou abruptamente a cimeira do G7 em Kananaskis, Canadá, na madrugada de terça-feira, um dia antes do previsto, justificando a decisão com a escalada do conflito no Médio Oriente entre Israel e o Irão. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, informou que o Presidente Trump partiu após o jantar com os chefes de Estado, sublinhando que "foi alcançado muito" na cimeira. Trump regressou diretamente à Casa Branca para convocar uma reunião urgente do Conselho de Segurança Nacional (NSC) na sala de crise da Casa Branca. Ao ser questionado por jornalistas sobre a reunião, o Presidente recusou-se a falar, limitando-se a dizer que tinha de “regressar cedo”.
Durante o dia no G7, o Presidente Trump assinou um acordo comercial com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que prevê a redução de tarifas sobre produtos de ambos os países, embora as negociações sobre tarifas de aço ainda estivessem em curso. Os membros do G7 – Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá – reúnem-se anualmente para discutir questões económicas e geopolíticas mundiais. Trump tinha também previstos encontros com convidados da cimeira, incluindo a Presidente do México, Claudia Sheinbaum, e o líder da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Mais meios a caminho
Com a intensificação do conflito no terreno – que segue já para o quinto dia – , os Estados Unidos estão a reforçar a sua "postura defensiva" no Médio Oriente com “recursos adicionais”. O secretário da Defesa norte-americano, Pete Hegseth, confirmou ter ordenado o envio desses meios adicionais para a região, sem especificar a sua natureza, mas visando “reforçar a nossa postura defensiva”.
Há vários indicadores de que os EUA se prepararam para entrar no terreno. Dados de monitorização de tráfego marítimo indicaram que o porta-aviões norte-americano Nimitz, que estava no mar do Sul da China, mudou de rumo na segunda-feira em direção ao Médio Oriente, transitando pelo estreito de Malaca. Uma receção planeada a bordo do Nimitz no Vietname foi cancelada devido a "uma necessidade operacional emergente" apontada pelo Departamento de Defesa dos EUA. Adicionalmente, cerca de 30 aviões reabastecedores norte-americanos foram identificados a deslocar-se dos Estados Unidos para várias bases militares na Europa. O porta-voz da Casa Branca, Alex Pfeiffer, afirmou que as forças norte-americanas estão numa "posição defensiva" na região e que o objetivo é “defender os interesses americanos”. Até aqui, o Pentágono confirmou apenas que os EUA estão a ajudar Israel a intercetar mísseis iranianos.
Paralelamente, o Departamento de Estado dos EUA voltou a pedir aos cidadãos no Irão para abandonarem imediatamente o país ou, em alternativa, prepararem-se para "longos períodos de confinamento", alertando para "perigos graves e crescentes" na República Islâmica.
O Presidente Trump tem sido vocal sobre o conflito, apelando esta noite para que "todos devem deixar Teerão imediatamente!" através da sua rede social Truth Social. Expressou desapontamento com a recusa do Irão em assinar um acordo nuclear dentro do prazo que havia estabelecido. "Dei 60 dias ao Irão, e eles disseram que não. E ao 61.º dia, viram o que aconteceu", afirmou Trump, referindo-se aos ataques israelitas. O Presidente reiterou a sua posição firme de que "O IRÃO NÃO PODE TER UMA ARMA NUCLEAR", uma declaração que tem mantido consistentemente – embora sem qualquer prova concreta.
Trump manifestou confiança de que o Irão acabará por assinar o pacto com Washington, considerando "insensato" se não o fizer. Apesar de o ataque israelita ter forçado a suspensão de uma nova ronda de negociações entre Washington e Teerão, Trump acredita que o Irão "está basicamente na mesa das negociações" e “querem chegar a um acordo”. Também confirmou estar "em contacto constante" com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e a falar “com toda a gente”. O líder norte-americano evitou a questão de uma possível mudança de regime no Irão, focando-se no objetivo de impedir que o Irão possua armas nucleares. Além disso, Trump expressou a sua crença de que o Irão "não está a ganhar esta guerra" com Israel e que o regime iraniano estaria interessado em conversar para encontrar uma solução antes que seja tarde demais.
Sanções à Rússia tremidas
Em contexto mais alargado, e durante a cimeira do G7, Donald Trump também se mostrou relutante quanto à imposição de novas sanções à Rússia devido à guerra na Ucrânia, como desejava a União Europeia. O Presidente afirmou que "as sanções custam muito dinheiro aos Estados Unidos" e que "a Europa ainda não o fez", embora tenha sublinhado que "o dinheiro não é a questão".
Trump expressou o desejo de impedir a morte de "5.000 jovens" por semana, tanto russos como ucranianos, e reiterou as suas críticas ao seu antecessor, Joe Biden, pela "estupidez" de permitir a invasão da Ucrânia