"Relativamente à Ucrânia, a Europa e o mundo estão numa encruzilhada. O fim da guerra na Ucrânia vai afetar e moldar a segurança de toda a Europa durante as próximas gerações. Levamos isso muito, muito a sério", afirmou Kristersson numa conferência de imprensa após consultas do chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, com os dirigentes de 19 países.

Questionado por um jornalista sobre o facto de Trump ter chamado "ditador" ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o primeiro-ministro sueco disse tratar-se de uma classificação "incorreta".

"O Presidente Zelensky foi democraticamente eleito. Penso que ninguém mais que a Ucrânia deseja eleições, porque elas significarão que há paz na Ucrânia e que eles (os ucranianos) podem novamente gerir o seu país", prosseguiu Kristersson.

O chefe do executivo sueco sublinhou também a necessidade de a Europa se rearmar.

"Terá de haver um rearmamento espetacular, tanto para dar resposta às necessidades da Ucrânia como para satisfazer as necessidades europeias, quando houver alguma forma de paz na Ucrânia", sustentou.

Segundo o Presidente da Finlândia, Alexander Stubb, é primeiro necessário que a União Europeia (UE) acorde quanto antes uma posição comum sobre a Ucrânia, para impedir que os Estados Unidos e a Rússia a excluam da mesa de negociações de paz.

"Neste momento, o mais importante é encontrar uma posição europeia comum e que a Europa possa sentar-se à mesa das negociações. Caso contrário, existe o risco de os Estados Unidos e a Rússia negociarem passando por cima da Europa e da Ucrânia", declarou Stubb numa conferência de imprensa, depois de ter falado por videoconferência na reunião de crise com outros líderes europeus para hoje convocada por Macron.

Stubb defendeu que "agora é o momento de agir" e que a Europa precisa de manter "a cabeça fria" para oferecer o máximo apoio à Ucrânia e, ao mesmo tempo, exercer a máxima pressão sobre a Rússia.

Para o chefe de Estado finlandês, tanto a reunião de segunda-feira como a de hoje foram importantes para aproximar posições, tendo-se agora acordado que França apresentará em breve um plano sobre o caminho a seguir.

"Esperamos que o plano esteja pronto em breve e que possamos trabalhar nele em conjunto. Chegámos a um consenso, mas agora temos de o passar para o papel", afirmou.

Quanto às declarações de Trump culpando a Ucrânia pelo início da guerra -- quando o seu território foi militarmente invadido pela Rússia a 24 de fevereiro de 2022 e é, desde então, palco de um conflito que fez até agora um ainda indeterminado, mas elevado, número de baixas civis e militares -, Stubb afirmou não estar de acordo com o que disse o Presidente norte-americano, vincando que a UE deve deixar claro a Trump quais serão as consequências se o Presidente russo, Vladimir Putin, "levar a sua avante", ou seja obrigar a Ucrânia a ceder-lhe partes do seu território, já ocupadas pelas forças russas e declaradas "anexadas".

"Temos de convencer os Estados Unidos de que a Ucrânia não pode perder esta guerra", insistiu.

ANC // JMR

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