
"A marca deixada pelos portugueses na Ásia não foi apagada pelo tempo. As nossas comunidades são a prova viva desta verdade incontornável. O resultado é algo que perdura: o nascimento de comunidades simultaneamente europeias e asiáticas", disse José Ramos-Horta.
O chefe de Estado falava na sessão de abertura da quarta Conferência das Comunidades Luso-Asiáticas, que vai decorrer em Díli até domingo, com a participação de comunidades do Sri Lanka, Malaca (Malásia), Myanmar, Macau, Tailândia, Goa (Índia) e das Flores e Jacarta (Indonésia).
De acordo com Ramos-Horta, aquelas comunidades não estão apenas "ligadas a Portugal", mas também umas às outras, porque os "portugueses administraram os seus territórios asiáticos com um sentido de interligação".
"Laços culturais, administrativos e religiosos uniam Goa e Malaca, Flores e Sri Lanka. Durante um período, Timor chegou a ser administrado pelo Governador de Macau", disse, explicando que a igreja também teve um papel central naquela ligação.
A igreja, segundo o Presidente, trouxe a fé, mas também a "educação formal, escrita e disciplina espiritual".
Lembrando que as comunidades descendentes de portugueses na Ásia são "frequentemente invisíveis nas narrativas nacionais" e "esquecidas pelos manuais escolares", o Presidente salientou a importância de se juntarem para lembrar, mas [também] para reinventar".
"Esta conferência dá-vos espaço para refletir sobre o passado", mas também, continuou o chefe de Estado, para uma "oportunidade de moldar o próximo capítulo da história", que será discutido com a proposta da Declaração de Díli, que será aprovada no domingo, e com a criação da Associação das Comunidades Portuguesas da Ásia.
"Esta associação será mais do que uma rede de pessoas e comunidades. É uma promessa e um compromisso: preservar, registar e capacitar. Reconhecer o valor das comunidades muitas vezes marginalizadas ou esquecidas", disse José Ramos-Horta.
Segundo o Presidente, a Associação das Comunidades Portuguesas da Ásia dará voz às comunidades lusófonas com governos e instituições internacionais, apoiará a investigação e a sustentabilidade económica, mas também ajudará a proteger as histórias e identidades dos povos.
Numa mensagem, lida pela embaixadora portuguesa em Díli, Manuela Bairos, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, manifestou o apoio do Governo português aos objetivos da conferência, a disponibilidade para acolher um encontro em Portugal, bem como "acompanhar os esforços de institucionalização do projeto que a conferência de Díli se propõe a promover".
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