49% dos jovens da Europa Ocidental acredita que o seu país estará diretamente envolvido num conflito armado nos próximos 10 anos, concluiu um estudo do Center for the Governance of Change da IE University com a Airbus Defence and Space, conduzido em França, Alemanha, Espanha e Reino Unido.

No entanto, apesar de mostrarem sinais de preocupação com as ameaças securitárias que a Europa enfrenta, menos de um terço dos jovens diz que se voluntariaria para defender o próprio país ou outro estado europeu, em caso de ataque militar.

Num contexto marcado por conversações sobre a segurança e defesa europeias, os mais de 3.500 inquiridos, com idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos, revelaram um nível substancial de satisfação com a participação do próprio país na NATO. Ainda assim, a maioria considera que a Europa é capaz de se proteger sem o apoio dos Estados Unidos.

No que diz respeito às ameaças à segurança do continente, mais de 70% dos jovens identificou o terrorismo como sendo a principal, seguindo-se os ciberataques, as alterações climáticas e a Rússia.

“Desconexão significativa” entre os jovens e o setor de defesa

“Num mundo moldado por tensões geopolíticas, alimentadas pela corrida tecnológica, vulnerabilidades climáticas, emergências e desastres, é fundamental ter um conhecimento bem informado sobre os riscos, ameaças e desafios à nossa segurança”, afirma Irene Blázquez, Diretora do Center for the Governance of Change da IE University. E a percepção e visão dos jovens, acrescenta, “é muitas vezes limitada pela inexistência de fundamentos sólidos”.

O estudo em causa revela um “conhecimento superficial sobre os mecanismos, atores e atividades do setor de defesa”, que evidencia uma “desconexão significativa” entre os jovens e o setor, pode ler-se em nota enviada às redações.

Cerca de 90% dos jovens não sabe nomear nenhuma empresa privada de defesa e menos de 20% associa o setor a “investigação e desenvolvimento” ou a “telecomunicações e networking”. Para além disto, pelo menos um quarto dos inquiridos diz pensar que as empresas do setor da defesa não estão comprometidas com a paz e resolução de conflitos, com a proteção da democracia ou com a luta contra as alterações climáticas.

“Apesar da guerra na Ucrânia e da escalada de outros conflitos, a Defesa Europeia ainda é um tópico divisivo no discurso público e em grande parte defendido com conhecimentos pouco limitado”, refere Jo Mueller, Diretor de Sustentabilidade e Comunicações na Airbus Defence and Space, em comunicado de imprensa.

“Os governos, a academia, e nós, a indústria de defesa, precisamos, claramente, de fazer um trabalho melhor para promover um debate público mais transparente e fundamentado sobre o papel da Defesa na proteção das pessoas, sociedade, valores e liberdade europeus”, diz.

*Artigo escrito por Mariana Ramos Loureiro e editado por Pedro Miguel Coelho