"Neste ponto em que nos encontramos, parece-nos que não há qualquer condição no atual quadro parlamentar para outra solução e, portanto, na nossa opinião, devemos realizar eleições, dissolvendo o senhor Presidente da República a Assembleia Regional, o mais rápido possível dentro do calendário que a lei permite", afirmou.
Paulo Cafôfo falava aos jornalistas após uma audiência com o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, que hoje recebe os sete partidos com representação na Assembleia Legislativa na sequência da queda do executivo, após a aprovação, na terça-feira, da moção de censura apresentada pelo Chega.
O presidente do PS/Madeira defendeu que o "quadro de instabilidade provocado pelo PSD e por Miguel Albuquerque", presidente do executivo insular, não pode ser prolongado, apontando que a solução é realizar novas eleições antecipadas e as "pessoas darem força ao Partido Socialista".
"Nós estamos preparados para governar. Estamos preparados para ser a esperança da região e os madeirenses aqui têm uma grande responsabilidade e o poder está mesmo nas pessoas", considerou.
Paulo Cafôfo, também líder parlamentar do PS na Assembleia Legislativa, insistiu que só uma mudança política pode "salvar a região do estado em que se encontra" e reiterou que os partidos da oposição têm de, em algum momento, chegar a entendimentos para derrubar Albuquerque.
Questionado, por outro lado, se tem legitimidade para continuar a liderar a estrutura regional dos socialistas, Cafôfo considerou que sim, justificando que teve "quase 99% dos votos" nas últimas internas e uma moção global estratégica aprovada por unanimidade.
E acrescentou que Miguel Albuquerque, líder do PSD/Madeira e do executivo regional é que "não tem legitimidade" e tem o seu partido "completamente partido".
O dirigente socialista salientou ainda que a crise política não começou hoje, mas sim desde que Albuquerque foi indigitado presidente do Governo Regional, após as eleições de maio, nas quais o PSD não conseguiu assegurar maioria absoluta no parlamento madeirense.
Paulo Cafôfo disse que faltou "um seguro de vida deste Governo", defendendo que devia ter sido entregue ao representante da República um documento escrito que assegurasse a viabilização do governo liderado pelos sociais-democratas.
A moção de censura recebeu os votos a favor de toda a oposição - PS, JPP, Chega, IL e PAN, que juntos reúnem 26 eleitos, ultrapassando assim os 24 necessários à maioria absoluta -, enquanto o PSD (19 deputados) e o CDS-PP (dois deputados), partidos que têm um acordo parlamentar, votaram contra.
Antes, em 09 de dezembro, a oposição na Assembleia Legislativa tinha também votado em bloco contra as propostas de Orçamento e Plano de Investimento para 2025, pelo que a região entra no novo ano em regime de duodécimos.
Em novembro, o Chega, que tem quatro deputados num universo de 47 lugares no hemiciclo, justificou a apresentação da moção de censura com as diferentes investigações judiciais envolvendo o presidente do executivo e da estrutura regional do PSD, Miguel Albuquerque, e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos este ano.
A aprovação da moção de censura, já publicada em Diário da República, uma situação inédita na região autónoma, implicou a queda da XV Governo da Madeira, que estava em funções desde 06 de junho deste ano.
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