O antigo banqueiro, Ricardo Salgado, e o ex-presidente do BES Angola, Álvaro Sobrinho, vão a julgamento por burla, abuso de confiança e branqueamento de capitais.

“(…) arguidos responsabilizam os demais à exceção de si próprios. Nenhuma das versões é idónea e contrasta com a impressiva prova que sustenta a acusação", declarou a juíza Gabriela Assunção.

A decisão da juíza Gabriela Assunção também vai no mesmo sentido para os outros três acusados deste processo, os antigos administradores do BES, Amílcar Morais Pires e Rui Silveira, e o ex-administrador do BES Angola, Hélder Bataglia, que chegou a ser uma testemunha decisiva na investigação da Operação Marquês.

“(…) há dezenas de buscas, escrituras, milhares de documentos relevantes, agendas, memorandos de reuniões e transcrições de buscas”, refere a juíza.

Ricardo Salgado alegava que a doença de Alzheimer punha em causa o seu direito de defesa mas a juíza não concorda com esse argumento: “(…) concluiu-se que apesar dos défices cognitivos, tem boa capacidade de expressão, compreensão e raciocínio. Em todo o caso, apuramento de real capacidade neurológica nao é na fase de instrução.”

No debate instrutório, a procuradora do Ministério Público tinha considerado que havia mais probabilidades de os arguidos virem a ser condenados do que absolvidos, em caso de julgamento.

“(…) factos foram praticados pelos mais altos responsáveis do BES e do BESA. Indivíduos cujos conhecimentos nao se compadecem com as versões simplistas, irresponsabilizantes e irreais que apresentam", refere a procuradora do Ministério Público.

Álvaro Sobrinho está acusado de 33 crimes de burla, abuso de confiança e branqueamento de capitais, pela alegada apropriação indevida de cerca de 400 milhões de euros.

Ricardo Salgado, que era o presidente do BES, responde por dois crimes de abuso de confiança e burla, porque terá tido conhecimento da alegada gestão danosa no BESA.

O BES em Portugal terá sido prejudicado em cerca de 4,7 mil milhões de euros, através da concessão irregular de crédito que desequilibrou as contas do BESA.