
O executivo de Donald Trump negou permissão ao Presidente de Taiwan, Lai Ching-te, para fazer escala em Nova Iorque a caminho da América Central, após a China levantar objeções à visita, segundo o Financial Times.
O Presidente de Taiwan planeava transitar pelos EUA em agosto a caminho do Paraguai, Guatemala e Belize - países que reconhecem Taiwan como um estado - mas os EUA informaram Lai que não poderia escalar em Nova Iorque, disseram três fontes ao diário britânico.
O gabinete de Lai emitiu, esta terça-feira, um comunicado afirmando que não tinha planos para viajar para o estrangeiro num futuro próximo, uma vez que Taiwan estava a recuperar de um tufão recente e que estava em negociações com Washington sobre tarifas alfandegárias.
Segundo o Financial Times, a decisão de não viajar ocorreu depois de Lai ter sido informado de que não teria permissão para visitar Nova Iorque.
A decisão norte-americana surge numa altura em que Washington dá sinais de adotar uma postura mais branda em relação à China, enquanto pressiona para uma cimeira entre Trump e o Presidente Xi Jinping.
O Financial Times noticiou na segunda-feira que o Departamento de Comércio dos EUA tinha sido instruído para congelar os rigorosos controlos de exportação planeados contra a China, enquanto os países realizam negociações comerciais e discutem uma cimeira.
A China opõe-se à visita dos dirigentes taiwaneses aos EUA, que não mantêm relações diplomáticas oficiais com Taipé.
Em 2023, o governo de Joe Biden permitiu que a então Presidente Tsai Ing-wen parasse em Nova Iorque a caminho do Belize e da Guatemala.
Interpelada pelo FT, a Casa Branca escusou-se a fazer comentários.
Lai "não tem atualmente planos para visitas ao estrangeiro num futuro próximo"
O Gabinete de Representação Económica e Cultural de Taipé, em Washington, que serve como embaixada de facto, referiu apenas que Lai "não tem atualmente planos para visitas ao estrangeiro num futuro próximo".
Taiwan é governado de forma autónoma desde 1949 sob o nome de República da China e possui Forças Armadas e um sistema político, económico e social diferente do da República Popular da China, destacando-se como uma das democracias mais avançadas da Ásia.
As autoridades de Pequim consideram Taiwan como uma "parte inalienável" do território chinês e não descartam o uso da força para concretizar a "reunificação" da ilha e do continente, um dos objetivos de longo prazo traçados por Xi Jinping, após a sua chegada ao poder em 2012.
Fontes consultadas pelo FT indicaram que a administração Trump estava a tentar evitar comprometer as negociações comerciais com a China.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, iniciaram hoje uma terceira ronda de negociações em Estocolmo.
A reunião decorre no início de uma semana decisiva para a política comercial do Presidente norte-americano, Donald Trump, uma vez que as tarifas aplicadas à maioria dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos deverão sofrer um forte aumento a partir de 01 de agosto.
As discussões em Estocolmo visam prolongar a pausa de 90 dias negociada em maio, em Genebra, que pôs fim às represálias de ambos os lados do Pacífico, responsáveis por sobretaxas de 125% sobre produtos norte-americanos e 145% sobre produtos chineses.
A administração Trump também evitou tomar medidas duras contra a China depois de Pequim ter abrandado a exportação de terras raras para os EUA em maio, usando o seu domínio no sector como alavanca contra Washington.