A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, afirmou que a língua portuguesa tem vindo a afirmar-se como "um importante instrumento de diálogo" cultural e de cooperação académica no Japão, contando com cerca de 3.000 estudantes.

A governante falava na cerimónia oficial do Dia Nacional de Portugal na Expo 2025 Osaka, Kansai, Japão.

Hoje é também é Dia Mundial da Língua Portuguesa e Dia da Criança no Japão, que também são assinalados na exposição mundial que arrancou em 13 de abril e termina em 13 de outubro.

"No Japão, a língua portuguesa tem vindo a afirmar-se como um importante instrumento de diálogo cultural e de cooperação académica, sendo hoje ensinada em 20 universidades, com um universo de cerca de 3.000 estudantes", afirmou a ministra.

Esta presença "consolidada reflete-se em iniciativas como a nova licenciatura em Estudos Portugueses na Universidade de Tokoha e na vitalidade da Universidade de Estudos Estrangeiros de Tóquio", que conta com cerca de 750 alunos inscritos em cursos de graduação com o português como primeira ou segunda opção.

A colaboração entre o Instituto Camões e instituições japonesas "tem sido determinante, nomeadamente através de protocolos de docência e da promoção de concursos de eloquência, como o promovido na Universidade de Estudos Estrangeiros de Quioto", salientou a governante.

Dalila Rodrigues recordou a obra quinhentista do missionário Luís Fróis e do escritor e diplomata Armando Martins Janeira, no século XX, sobre o contacto entre os portugueses e japoneses, que foi "intenso, quotidiano, e deixou marcas para sempre, ou seja, um legado que se eternizou".

Uma dessas marcas "está presente na língua japonesa, como sabemos, que guarda ecos desse passado partilhado", palavras "como pan, kasutera, manto, kappa, botan, bidoro, kurusu ou haraiso --- refletem um processo de intersecção cultural que muito nos honra, um testemunho do modo como a língua portuguesa se entranhou no vocabulário japonês, assumindo o tempo, atravessando os corredores do tempo, com a leveza de quem pertence sem se impor", prosseguiu a governante.

Por isso, "se hoje estamos aqui, a celebrar o português como uma das línguas globais do século XXI, é porque a sua capacidade de cruzar fronteiras continua viva", acrescentou.

"Com cerca de 290 milhões de falantes nos cinco continentes, o português é a quarta língua mais falada do mundo e a língua mais falada no hemisfério sul", apontou, recordando que é a língua oficial de nove países que, mais do que isso, "é uma comunidade de povos, de culturas, de memórias e de futuros em construção".

Nesse sentido, "a lusofonia não é apenas uma expressão linguística, é um espaço de pertença, de diversidade e de partilha".

"Sabendo nós que não há futuro sustentável sem cooperação, e que não há cooperação sem diálogo, celebremos a língua como o primeiro e mais valioso instrumento", sublinhou.

Neste contexto, "no quadro do tema geral desta exposição --- 'Projetar a sociedade do futuro para as nossas vidas' ---, afirmamos o papel da língua portuguesa como instrumento para construir essa sociedade mais aberta, mais cooperante e inclusiva, porque projetar o futuro também é projetar o que queremos preservar: o valor da palavra, o valor da cultura, o valor da relação com o outro", concluiu.

Por sua vez, Takebe Arata, ministro japonês, afirmou na sua intervenção que, apesar de Portugal estar localizado no "extremo oeste do continente" e geograficamente muito longe do Japão, ambos os países estão ligados por quase 500 anos de "amizade duradoura".

A cerimónia oficial teve início com o hastear da bandeira de Portugal e do Japão e o canto dos respetivos hinos nacionais, tendo a ministra discursado seguida de uma atuação de Dino D'Santiago, que fez vibrar a audiência, entre aplausos e dança.

Além disso, decorreu uma visita oficial das delegações portuguesas e japonesas e a inauguração da Exposição Siza, dedicada à obra do arquiteto Álvaro Siza Vieira, com a curadoria do arquiteto e crítico espanhol Carlos Quintáns Eiras, numa parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian.

Portugal participa na Expo Osaka com o tema "Oceano, diálogo azul", 55 anos depois de ter marcado presença na mesma exposição mundial na mesma cidade, em 1970.

O Pavilhão de Portugal, situado na zona "Empowering Lives", está localizado num lote de 1.836,75 metros quadrados e localiza-se perto do Pavilhão do Japão. Trata-se de um projeto do arquiteto japonês Kengo Kuma.