
As Forças Armadas portuguesas participaram com 1.335 militares em missões internacionais no segundo semestre de 2024, mais de metade no âmbito da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e com forte presença no leste da Europa.
Estes dados constam de um relatório elaborado pela Direção-Geral de Política de Defesa Nacional, ao qual a agência Lusa teve acesso, e que será debatido esta tarde na comissão parlamentar de Defesa.
De acordo com este documento, foram empenhados 1.335 efetivos no segundo semestre do ano passado: 722 militares (54,1%) no âmbito de missões da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), 247 (18,5%) na Organização das Nações Unidas; (ONU), 112 (8,4%) em missões da União Europeia.
Além destes, 126 militares (9,4%) foram empenhados no quadro bilateral e multilateral, 39 (2,9%) na FRONTEX e participaram nestas missões 89 assessores militares.
O relatório destaca o mês de julho, durante o qual Portugal participou em 26 missões e chegou a empenhar, ao mesmo tempo, 1.074 efetivos, número mais elevado de todo o ano.
De acordo com um gráfico que contabiliza o total de efetivos das Forças Nacionais Destacadas e Agência FRONTEX empenhados por mês, o ano começou com 598 militares portugueses em missões internacionais, número que foi aumentando até atingir os 1.072 em abril, 1.066 em maio, 965 em junho e 1.074 em julho, número mais elevado do ano.
A trajetória foi descendo até chegar aos 740 em dezembro.
A participação de mulheres em missões internacionais manteve-se sempre abaixo dos 100 efetivos por mês, com o maior número (91) a verificar-se em julho e novembro.
No que diz respeito às áreas geográficas, 35,5% verificou-se na região da Europa Centro e Leste, 34,1% em África (região centro e Costa Oriental), 16,2% no Mar do Norte e Mar Báltico, 7,6% no Golfo da Guiné e Costa Ocidental africana, 6,1% no Mediterrâneo e 0,5% na região de Ásia e América do Sul.
"Portugal manteve, no 2.º semestre de 2024, uma presença expressiva em missões e Forças Nacionais Destacadas no âmbito multilateral (ONU, UE e NATO) e bilateral, com especial atenção para o Flanco Sul (África Central e Subsaariana, Golfo da Guiné e PALOP), Flanco Leste (Roménia e Lituânia) e Atlântico, Báltico e Mediterrâneo, empenhando meios navais, terrestres e aéreos, de acordo com as orientações políticas de defesa nacional superiormente definidas", lê-se no texto.
Foram ainda tidas em conta as conclusões da cimeira da NATO de 2023, em Vilnius, Lituânia, "a situação operacional decorrente da Guerra na Ucrânia" e "a volatilidade da situação securitária em África".
Apesar das tensões geopolíticas que levaram vários países europeus a reforçar a sua presença na região leste da Europa, o relatório destaca que Portugal prossegue com o seu investimento em África, no Atlântico Sul e no Índico (Golfo da Guiné -- República Centro Africana - Moçambique - Somália).
No caso da República Centro Africana, onde Portugal está presente desde 2016 e tem atualmente cerca de 240 militares, segundo o 'site' oficial do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), a participação portuguesa contribuiu "de forma muito empenhada para a estabilização do país".
"Esta realidade, somada à experiência recolhida durante o empenhamento contínuo na missão, tem permitido a Portugal um conhecimento profundo da realidade centro-africana, das suas particularidades e dos fatores que influenciam o desempenho da missão. A experiência no terreno tem igualmente permitido a Portugal aplicar as lições aprendidas (úteis para balizamento de futuras projeções no país e na região), sendo importante aproveitar o 'leverage' [alavancagem] alcançado por Portugal nesta região", lê-se no texto.