
Num comunicado, a autoridade policial informou que "concluiu o inquérito que apura a existência de uma alegada organização criminosa dedicada ao monitoramento ilegal de autoridades públicas e à produção de notícias falsas, utilizando-se de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no caso que ficou conhecido como Abin Paralela".
Além do ex-presidente, a autoridade policial brasileira pediu o indiciamento do vereador Carlos Bolsonaro, do deputado federal Alexandre Ramagem, que chefiou o órgão na administração anterior, e também o atual diretor da Abin, Luis Fernando Corrêa, por obstrução da Justiça.
O relatório final foi encaminhado para o Supremo Tribunal Federal (STF) e o procedimento segue em tramitação sob sigilo.
Jair Bolsonaro, Ramagem e Corrêa ainda não se pronunciaram.
Já Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro e filho do ex-presidente, afirmou nas redes sociais que o pedido de indiciamento contra si seria um ato político relacionado com as eleições de 2026.
"Alguém tinha alguma dúvida que a Polícia Federal do Lula (uma referência ao atual Presidente brasileiro) faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!", escreveu Carlos Bolsonaro na rede social X.
Um relatório da Polícia Federal divulgado em julho de 2024 sobre o caso indicou haver indícios de que ocorreram ações de espionagem ilegal contra parlamentares aliados e adversários do ex-presidente Bolsonaro, contra juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) e jornalistas.
O escândalo de espionagem eclodiu em outubro de 2023 quando a primeira operação policial ligada a este caso resultou na prisão de dois funcionários da Abin suspeitos de terem utilizado ilegalmente o 'spyware' israelita FirstMile.
Adquirido pelo Governo brasileiro no final de 2018, pouco antes de Bolsonaro chegar ao poder, este 'software' permite a geolocalização de indivíduos através do sinal emitido pelos seus telemóveis.
Através desta ferramenta de espionagem, os dados dos alegados alvos espionados ilegalmente a pedido do ex-governante e do seu grupo político teriam sido coletados de telemóveis e antenas para conseguir identificar o último local conhecido em que estiveram.
Com a entrega do pedido de indiciamento de Bolsonaro e os outros envolvidos, cabe agora a Procuradoria-Geral da República (PGR) brasileira analisar os dados levantados na investigação para decidir se apresentará ou não uma acusação formal contra os envolvidos junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
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