No ano passado, a atriz e apresentadora espanhola Elisa Mouliáa apresentou uma queixa por assédio sexual contra Íñigo Errejón, antigo deputado e fundador do partido político Podemos. A vítima diz ter sido tocada, apalpada e beijada sem o seu consentimento após um encontro numa festa, num caso que remonta a 2021.
Esta quarta-feira, o Conselho Geral da Magistratura (CGPJ) de Espanha decidiu abrir uma investigação ao juiz que interrogou a atriz, depois de ter recebido mais de 900 queixas e denúncias pelo seu comportamento. Em causa estão várias perguntas que Adolfo Carretero fez a Elisa Mouliáa, na semana passada, sobre a acusação que apresentou.
Tanto Elisa Mouliáa como Íñigo Errejónforam ouvidos nesse mesmo dia, com um intervalo de poucas horas. No entanto, ambos contaram versões diferentes do que tinha acontecido com o antigo deputado a negar as acusações e a garantir que a relação foi consensual.
Numa das perguntas feitas à atriz e apresentadora, o magistrado chega mesmo a questionar: "Não será que você é que queria algo com esse senhor e, ao não lhe responder, o denunciou?". Na mesma audição, Adolfo Carretero "repreende" Elisa Mouliáa por não ter incluído na sua denúncia que se encontrava "muito bêbada" naquela noite.
“Lembro-me de que estava muito mais bêbeda do que o normal, tudo girava à minha volta, tenho lacunas”, explicou a atriz quando questionada sobre se tinha contado o sucedido a alguma pessoa presente na festa.
"Na denúncia não disse isso. Estava mesmo muito bêbeda?", questionou o juiz.
A atriz e apresentadora explicou ainda ao magistrado que se sentiu "desconfortável" quando o ex-deputado a empurrou contra a parede e que lhe pediu para ele parar:"Sim, eu disse-lhe que me estava a sentir muito desconfortável", explica a atriz.
No entanto, o juiz insiste: "Não, não muito desconfortável, isto é, não lhe disse para ele deixá-la em paz, para não lhe tocar? Disse algo assim?".
O comportamento do juiz está a ser fortemente questionado e criticado pela opinião pública que considera que o "tom de voz" utilizado durante o interrogatório de Elisa Mouliáa foi diferente do utilizado com Íñigo Errejón.