Pelo menos duas pessoas foram mortas e outras dezenas continuam desaparecidas na comunidade de Mandela, no distrito de Muidumbe, na província moçambicana de Cabo Delgado, após um alegado ataque de terroristas, disseram hoje à Lusa fontes locais.

As mortes aconteceram esta segunda-feira nas matas de Mandela, a cerca de 50 quilómetros da sede do distrito de Muidumbe, após os terroristas capturarem as vítimas no campo de produção de uma destas, a cerca de cinco quilómetros da aldeia.

“Os terroristas apareceram na via da aldeia Homba e encontraram-se todos na cabana do dono da machamba (campo agrícola) e, de repente, foram levados para parte incerta. Depois tivemos a triste notícia de que dois velhos, incluindo o dono da machamba, foram mortos e cabeças decepadas”, disse à Lusa uma fonte a partir de Nanhala, distrito de Mueda.

Uma das vítimas é o padrasto de um homem morto anteriormente pelos rebeldes, nas margens do rio Messalo, deixando a viúva inconsolável.

“Meu filho foi morto e hoje é o meu marido, não sei quem me vai ajudar”, disse, abalada, a viúva, a partir de Mandava, após escapar das mãos dos terroristas.

No grupo, estava igualmente a viúva de um homem de cerca de 40 anos, que foi morto pelos rebeldes, nas margens do rio Messalo, mas que seria libertada pelos rebeldes horas depois.

“Deixaram-me ir porque segundo eles não poderiam tirar a minha vida porque não queriam massacrar toda a minha família, mas foi mentira”, lamentou a partir de Mandava.

População em pânico após tentativa de ataque

Populares da aldeia de Miangalewa, distrito de Muidumbe, na província moçambicana de Cabo Delgado, relataram hoje que um alegado grupo terrorista tentou atacar aquela comunidade na noite de segunda-feira, provocando o pânico local.

A tentativa de ataque ocorreu nas imediações da aldeia por volta das 21h00 (19h00 em Lisboa), quando centenas de residentes circulavam na comunidade, conforme explicou um dos residentes: “Entraram aqui os terroristas, mas depois sem demorar saíram”.

Segundo as fontes, os rebeldes não demoraram porque houve pronta resposta das Forças de Defesa e Segurança.

“Temos força no terreno, interveio logo que houve tentativa de ataque”, disse uma fonte local.

A presença dos rebeldes criou o pânico entre os moradores, face aos últimos ataques na mesma área, fazendo com que algumas famílias dormissem fora de casa. “Pelo menos até agora ninguém é dado como morto, mas passámos mal. Eu dormi fora da minha casa”, disse outro morador de Miangalewa, antes de serem anunciadas as duas mortes.

Localizada ao longo da estrada Nacional 380, a localidade de Miangalewa fica nas margens do rio Messalo, do lado do distrito de Muidumbe, norte de Cabo Delgado, fazendo fronteira com o distrito de Macomia, região centro, através da aldeia Litamanda, uma área que tem registado vários incursões destes grupos terroristas nas últimas semanas, com vítimas mortais.

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, na sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.