O líder do PS acusou esta noite o primeiro-ministro, Luís Montenegro, de ter "desrespeitado profundamente" o Parlamento no discurso que fez terça-feira à noite no jantar de deputados do PSD.

Falando num jantar de deputados do PS, Pedro Nuno Santos falou em falta de "vergonha" e "descaramento" por Luís Montenegro, no contexto da aprovação na Madeira de uma moção de censura ao Governo do PSD liderado por Miguel Albuquerque, ter dito que "o PS e o Chega não estão a atender ao interesse das pessoas, não estão a respeitar a vontade legitimamente sufragada nas eleições e com isso estão a contribuir, ao contrário daquilo que dizem, para enfraquecer a democracia".

"Onde faltou verdadeiramente vergonha e descaramento foi na associação do PS com o Chega", afirmou o líder socialista, dizendo que estava a "pesar as palavras". E acrescentou: O senhor primeiro-ministro tem uma relação distante com o Parlamento e pelos vistos não é só com o parlamento, tem também uma relação distante com o senhor Presidente da República. Um primeiro-ministro tem a obrigação de respeitar essa democracia parlamentar.

"Não há partido em Portugal mais distante do Chega do que o PS", disse o secretário-geral do PS. E se o PS conseguiu na Assembleia da República aprovar medidas como o aumento das pensões ou a eliminação das portagens nas SCUTs do interior isso foi porque "todo o Parlamento, com excepcção da AD", votou a favor.

Quanto à Madeira, Pedro Nuno explicou que o PS votou a favor da moção de censura do Chega porque - ao contrário do que aconteceu com o partido de André Ventura - esteve sempre desde o início contra o Governo Regional liderado por Miguel Albuquerque. "O PSD fez acordos com o Chega na Madeira e nos Açores. Nós não fazemos acordos com o Chega. Nós combatemos o Chega", disse.

O líder socialista tentou, de resto, fazer passar a ideia de que na verdade é o Governo quem cede à agenda do Chega, por exemplo nas questões da segurança ou mais recentemente a "inventar problemas" como o relacionado com um suposto uso abusivo do SNS por estrangeiros.

Ao mesmo tempo, insistiu várias vezes na ideia, dando vários exemplos, de que o Governo, além de "profundamente incompetente", também "manipula os dados para mascarar o insucesso das suas políticas". Neste contexto, Pedro Nuno Santos assumiu mesmo sentir-se "surpreendido" com a "tolerância" nacional a este comportamento do Executivo liderado por Luís Montenegro.

Quanto ao próximo ano, o secretário-geral do PS assegurou que o partido continuará no Parlamento a apresentar propostas, focado no seu "combate contra a desvalorização do Estado Social".