“Eu estou fora da atividade partidária e política e assim me tenciono manter” foi a resposta de Pedro Passos Coelho aos jornalistas no início da tarde desta quarta-feira, à entrada de uma cimeira sobre geoeconomia na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). O ex-primeiro ministro rejeitou mais perguntas dos jornalistas sobre a sua possível candidatura à Presidência da República, frisando: que "é tudo o que desejo nesta altura dizer”.
Pedro Passos Coelho discursou na sessão de apresentação da cimeira, fechada à comunicação social, sobre as diferenças nas reações dos líderes europeus à crise das dívidas soberanas e da pandemia de Covid-19.
Também Augusto Santos Silva, ex-presidente da Assembleia da República e outro dos nomes apontados recentemente para as eleições presidenciais de 2026, esteve presente no evento para participar num painel sobre as oportunidades e desafios da Europa. Declarou que “não é o tempo agora” de discutir nomes de candidatos a Belém e que a prioridade devia ser “debater o que queremos que seja a Presidência da República”.
O professor catedrático da FEP acrescentou que “deve haver uma candidatura única e forte” da esquerda para a Presidência da República para a qual “procurará contribuir”. Não desviou nem confirmou, contudo, a possibilidade de avançar como candidato.
Luís Filipe Menezes, que também participou na conferência, afirmou não tencionar candidatar-se “a nenhuma autarquia deste país”. O ex-autarca de Vila Nova de Gaia não adiantou sobre quem pretendia apoiar nas eleições autárquicas do próximo ano. “Hoje em dia, em 24 horas tudo muda. Dez meses é muito tempo”, disse aos jornalistas.
Sobre as eleições presidenciais, o ex-presidente do PSD notou não ser normal, “a 14 meses das eleições presenciais, haver um naipe tão alargado de putativos e credíveis candidatos presidenciais”, o que declara “um sinal de uma cerca desagregação do Estado”.
Luís Filipe Menezes sugeriu focar-se a discussão na revisão do sistema semipresidencial português, que considera “em muitos momentos ter dececionado as pessoas, porque ou os presidentes são muito hirtos e afastados e outras vezes são ‘selfistas’ profissionais que gostam de medronho e de comer umas fatias de pão de ló nas feiras”, no que podem ser interpretado como uma crítica ao atual chefe de Estado. “Acho interessante que o papel do Presidente da República pudesse ser mais alargado em matérias como a defesa nacional, a segurança ou a imigração, matérias em que o poder do PR poderia evoluir no sentido de dar mais consistência ao estado”, declarou aos jornalistas Luís Filipe Menezes.
A cimeira sobre geoeconomia realizada esta quarta-feira partiu da iniciativa de um grupo de cinco estudantes da FEP. “Temos que nos lembrar de que a academia também tem que participar no debate e a academia não são só os professores, também são os estudantes. Os professores são o elemento contínuo, mas os estudantes são o que dá vida à faculdade", reparou ao Expresso José Paulo Soares, estudante do terceiro ano da licenciatura em economia e representante da comissão organizadora.