Em resposta aos jornalistas, na sede da Cruz Vermelha Portuguesa, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que irá manter-se neutral em relação às presidenciais de 2026, sem fazer apreciações nem manifestar "preferência ou não preferência, proximidade ou não proximidade" em relação a qualquer candidato.

Questionado se concorda com Luís Marques Mendes, que em entrevista à TVI/CNN Portugal, na segunda-feira à noite, considerou que "cria ruído, cria instabilidade" o Presidente comentar leis que promulga e diplomas que veta, o chefe de Estado não respondeu diretamente a essa crítica, mas assegurou que manterá a mesma prática até ao fim do mandato.

"Isso é uma coisa, aquilo que eu adotei como maneira de ser. Agora, há uma coisa que eu também aprendi, não foi como Presidente, foi como professor -- Presidente é-se dez anos, e professor é-se a vida inteira. Aprende-se como professor uma coisa: que os mais novos são sempre melhores do que nós", afirmou, em seguida.

Segundo o Presidente da República, "em cada nova geração há sempre uma criatividade, uma imaginação e uma diferença".

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "podia dar vários exemplos" entre os políticos que teve como alunos, enquanto professor universitário de Direito, "alunos que foram presidentes da Comissão Europeia, primeiros-ministros, foram vários, que tiveram cargos internacionais".

"E outros que foram profissionalmente ou socialmente muito importantes em todos os setores da vida portuguesa. Eu devo admitir que os acho melhores do que o professor, porque ganharam com, não apenas as experiências do passado, mas a inovação do futuro", acrescentou.

Quanto aos comentários que faz sobre promulgações e vetos, referiu que nas notas publicadas no sítio oficial da Presidência da República na Internet, explica por que é que decidiu certas promulgações, "apesar de algumas críticas, divergências, maiorias apertadas, dúvidas que devem ser esclarecidas, e depois são esclarecidas", o que no seu entender "é bom em termos interpretativos".

"Quando veto, aí é mais fácil porque o veto acaba por transmitir, ou ao Governo ou à Assembleia da República, as razões de fundo ou as razões, de tempo, de forma, da minha posição. Portanto, acho que é uma prática que tenho adotado, e vou adotar até o fim do mandato", completou.

Interrogado se espera que o seu modo de exercer a função de Presidente seja um tema na campanha para as presidenciais de 2026, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que, quando foi candidato, em 2016, no fim dos mandatos de Cavaco Silva, "o que se debateu sobretudo foi a situação que vivia o país, os desafios que existiam naquela altura, e que eram muitos", mas que "isso muda de eleição para eleição".

"Por isso, o Presidente da República em funções o melhor que faz é manter a neutralidade e deixar aos candidatos, candidatos a candidatos que venham a surgir ou já tenham surgido escolherem os temas que são os mais indicados, num momento tão difícil como é este, no mundo, na Europa, e também com aspetos próprios em Portugal", disse.

IEL (SMA) // JPS

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