
A oposição não teve lugar nos discursos da cerimónia que assinalou, na manhã desta sexta-feira, o Dia do Concelho da Calheta. Mas, Sofia Canha falou com os jornalistas, à margem do palanque.
A única vereadora da oposição no elenco camarário fez questão de notar que, mesmo recomendo todo o desenvolvimento materializado, os seus benefícios não chegam a toda a população.
"Não conseguimos, ainda, desenvolver integralmente o nosso concelho. Temos, de facto, condições maravilhosas para a nossa principal indústria, que é o turismo, mas há zonas do nosso concelho que é preciso atender", sustentou, frisando que "não se pode deixar estas pessoas para trás".
E dá alguns exemplos do que ficou por fazer. "Com tanto que se fez em acessibilidades, agora estamos a pensar numa Via Rápida, mas ainda há nos lombos, isso também está a olhos vistos de quem vive no Lombo do Doutor ou no Lombo do Brasil, que chamam Lombinho, ainda há vários [caminhos] que precisam de intervenção".
A par disso, reivindica que se reconheça o papel de todas as forças envolvidas e não apenas de algumas. "É preciso não esquecer que o Partido Socialista, nos momentos marcantes, esteve sempre presente e, portanto, o Partido Socialista foi aquele partido que mais governou em Portugal, logo, se a Região ufruiu de financiamento, usufruiu das condições propícias para se desenvolver, o Partido Socialista também tem aí um papel", sustentou a autarca.
"Há coisas que são óbvias, que a olhos vistos vamos vendo o que tem sido implementado ao longo dos anos", apontou, ressalvando que, além do apoio da Região, não deve ser esquecido o investimento vindo do País e da União Europeia.
É óbvio que ninguém desenvolve só. Não podemos esquecer que a Calheta não vive isolada da Madeira, não vive isolada do País. E se houve este desenvolvimento - e se há desenvolvimento e queremos que continue o desenvolvimento - é porque há um País que permitiu, que se desenvolveu, também, um país democrático, que entrou na Comunidade Europeia para permitir que todo o País se desenvolvesse, não só o território continental, mas também as ilhas. Não esquecendo que foram sendo cedidas, e bem, às autonomias regionais(…). Não podemos isolar a Calheta do Mundo. Sofia Canha, vereadora da oposição na Câmara Municipal da Calheta
E nesse sentido destacou o investimento em curso na área da habitação, com verbas do Estado.
A par disso, Sofia Canha não aceita que a Ponta do Pargo seja transforada num "gueto de ricos". A vereadora socialista ressalva que não discorda da criação de uma nova centralidade naquela freguesia, mas salienta que é importante permitir que os locais possam ter um acesso mais facilitado àquela infraestrutura. "Não é, outra vez, criar um gueto para as elites na Ponta do Pargo", reforça.
"Aquilo tem que trazer uma mais-valia com impacto social directo nas pessoas. Cria emprego, é importante, mas não pode ser só assim. Tem de haver um retorno de bem-estar para quem reside", afirmou, receando o avanço da especulação imobiliária", sustentou, apoiamdo o desenvolvimento, mas não deixando franjas da população para trás.