"Fomos surpreendidos pela notícia da existência de diligências no sentido de uma maior aproximação e, eventualmente, integração de Cabo Verde na NATO", afirmou o presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Rui Semedo, numa conferência de imprensa, na cidade da Praia.
"Tendo em conta que esta informação apanhou todos os cabo-verdianos de surpresa, por não ter sido previamente partilhada no país, o PAICV endereçou hoje uma carta ao primeiro-ministro, manifestando a sua estranheza e solicitando esclarecimentos", afirmou.
Uma aproximação à NATO está prevista nas Grandes Opções do Conceito Estratégico de Defesa Nacional, apresentadas em novembro de 2023 e a que o Conselho Superior de Defesa de Cabo Verde deu parecer favorável em março de 2024.
À margem da VII Cimeira Portugal - Cabo Verde, na terça-feira, em Lisboa, o primeiro-ministro cabo-verdiano, sem referir qualquer eventual integração, disse que o arquipélago tem "um programa de parceria personalizado" que está a "tentar trabalhar com a NATO, na perspetiva de enquadramento dentro de um programa de segurança marítima".
Esse programa tem em conta a zona económica exclusiva, "que é muito vasta, é do tamanho do Texas, nos Estados Unidos", ilustrou Ulisses Correia e Silva.
"Temos todo o interesse em ter, na nossa zona económica, proteção económica e securitária e, ao mesmo tempo, contribuir para a segurança cooperativa", acrescentou.
Segundo o primeiro-ministro cabo-verdiano, "Portugal já tem um programa de proteção bilateral com Cabo Verde na área da segurança e defesa, muito bom", quadro que disse querer estender "para as relações com a NATO".
Por seu lado, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, disse que os países lusófonos, como Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, podem ser "uma expressão do alargamento" da NATO em matéria de cooperação.
"Estamos a falar de espaços que, do ponto de vista geográfico, são condição pressuposta da eficácia das políticas de dissuasão e defesa da Aliança Atlântica", disse.
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