"Com estupefação, tomámos conhecimento das declarações do presidente do PAICV, sobre uma alegada intenção de Cabo Verde aderir à NATO", que "não corresponde à verdade", referiu Miryan Vieira, secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde, em conferência de imprensa.
"O Governo não acolhe tentativas de desinformação e uso de questões da política externa como arma de arremesso político", acrescentou, reafirmando os propósitos de cooperação, de conhecimento público, e não de adesão, em resposta ao Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).
A adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) ou a criação de bases estrangeiras nunca foi objeto de discussão com entidades externas, disse, reiterando que a estratégia de defesa, debatida no parlamento, em 2024, prevê algo diferente: "a possibilidade de se celebrar um acordo de parceria" com aquela organização, na área da cooperação.
As declarações do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, na terça-feira, em Lisboa, à margem da VII Cimeira Portugal -- Cabo Verde, bem como do primeiro-ministro Luís Montenegro foram nesse sentido, referiu -- declarações sobre as quais o PAICV pediu esclarecimentos face a uma eventual integração.
"Em nenhum momento" o primeiro-ministro cabo-verdiano "falou de intenção de aderir à NATO", disse Miryan Vieira.
A possibilidade de parceria personalizada diz respeito à cooperação que a NATO costuma estabelecer com terceiros, países de fora da organização, tendo em conta que "nenhum país, sozinho", consegue zelar pela segurança, referiu, parafraseando o documento de estratégia de defesa do país.
Com uma vasta área atlântica e sem recursos suficientes para a vigiar, Cabo Verde tem procurado várias parcerias para combater todas as formas de crime organizado, "sem ruturas da visão multilateral" do arquipélago e em respeito pelas soberanias.
Miryan Vieira perguntou se o PAICV está contra tal parceria.
"O primeiro-ministro [Ulisses Correia e Silva] sempre foi bastante categórico naquilo que são os objetivos de Cabo Verde em matéria de segurança e, particularmente, em relação à parceria que queremos desenvolver com a NATO", reiterou.
As questões de segurança e defesa foram "sobejamente discutidas em vários fóruns", no país, nos últimos anos, e "não é a primeira vez que Cabo Verde procura um acordo de parceria com a NATO: fizemo-lo em 2006", disse Miryan Vieira, recordando que, naquela altura, o arquipélago acolheu exercícios da organização, que serviram para reforçar a capacidade do país em matéria de defesa e segurança.
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