O Ministério Público abriu uma nova investigação ligada à Operação Influencer devido a uma pen drive encontrada em São Bento. A notícia é avançada pela revista Sábado, que adianta que em causa estão suspeitas de violação do segredo de estado.
A decisão foi tomada em dezembro, depois de uma reunião com o procurador-geral da República, Amadeu Guerra.
A revista revela que nas buscas em São Bento, em novembro de 2023, as autoridades encontraram uma pen com dados pessoais de centenas de agentes das secretas, da Polícia Judiciária e da Autoridade Tributária.
O dispositivo informático estava guardado num cofre no escritório de Vitor Escária, na altura chefe de gabinete de António Costa.
Uma fonte ligada a Vitor Escária garante que o então chefe de gabinete de Costa nunca abriu a pen, nem tão pouco sabia que estava guardada no escritório.
Essa mesma fonte sugere que a pen terá chegado à residência oficial do primeiro-ministro quando Francisco André era o chefe de gabinete de Costa.
A Sábado questionou o gabinete de António Costa em Bruxelas sobre se o antigo primeiro-ministro sabia da existência desta pen. Mas não obteve resposta.
A operação que levou à queda do Governo
O primeiro-ministro António Costa apresentou a sua demissão ao Presidente da República em 7 de novembro de 2023, por causa de uma investigação judicial sobre a instalação de um centro de dados em Sines e negócios de lítio e hidrogénio.
Os inquéritos-crime com origem na chamada Operação Influencer, que levou à queda do anterior Governo, envolvem o Centro de Dados de Sines, o investimento em lítio, o projeto de hidrogénio e António Costa que, apesar de suspeito, nunca foi constituído arguido.
Na altura, a operação levou à detenção de Vítor Escária (chefe de gabinete de António Costa), Diogo Lacerda Machado (consultor e amigo de António Costa), dos administradores da empresa Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e do presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, que ficaram em liberdade após interrogatório judicial.
Existem ainda outros arguidos, incluindo o agora ex-ministro das Infraestruturas João Galamba, o ex-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o ex-porta-voz do PS João Tiago Silveira e a Start Campus.
O caso está relacionado com o projeto de construção de um centro de dados na zona industrial e logística de Sines pela Start Campus, a produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, e a exploração de lítio no distrito de Vila Real, em Montalegre e Boticas.