
O primeiro-ministro israelita disse hoje que os líderes do movimento islamita Hamas serão autorizados a sair de Gaza caso deponham as armas, numa "fase final" da guerra, possibilitando o plano norte-americano para a "emigração voluntária" dos habitantes do enclave.
No início de uma reunião do governo, Benjamin Netanyahu também afirmou que, no sábado à noite, o executivo decidiu "aumentar a pressão" sobre Gaza, de acordo com uma declaração do gabinete do primeiro-ministro.
Netanyahu sustentou que "a pressão militar está a funcionar" no enclave palestiniano, onde o exército israelita lançou uma nova ofensiva em 18 de março após quebrar o cessar-fogo com o Hamas, que já custou desde então a vida de mais de 900 pessoas.
Para o primeiro-ministro israelita, essa pressão funciona porque "esmaga as capacidades militares e governamentais do Hamas" e também "cria as condições para a libertação" dos reféns ainda mantidos em Gaza (59, entre vivos e mortos).
O chefe do executivo disse que Israel está preparado "para falar sobre a fase final" da guerra, em curso desde o ataque do Hamas em território israelita, em 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos e perto de 250 reféns.
"O Hamas irá depor as suas armas. Os seus líderes terão permissão para sair. Garantiremos a segurança geral na Faixa de Gaza e permitiremos a implementação do plano Trump, o plano de imigração voluntária", afirmou, referindo-se ao plano do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de deslocar os moradores de Gaza para outros países e transformar o enclave num destino turístico.
"Este é o plano. Não estamos a escondê-lo; estamos dispostos a discuti-lo a qualquer momento", acrescentou, referindo-se à proposta de Trump, que encontrou oposição dos países árabes que deveriam hospedar os deslocados de Gaza.
Sobre as negociações sobre um novo cessar-fogo em Gaza, após a notícia de que o Hamas aceitou uma proposta egípcia de libertar cinco reféns para coincidir com o fim do feriado do Ramadão, que começa hoje, Netanyahu disse que não é verdade que Israel não esteja a negociar.
Disse estar a fazê-lo "sob fogo", e isso "também é eficaz" porque, afirmou, vê que "há brechas", possivelmente numa referência às manifestações em Gaza, ocorridas nos últimos dias, a pedir que o Hamas deixe o enclave, que controla desde 2007.
Além disso, Netanyahu disse ao seu gabinete que qualquer alegação de que seu governo não se importa com os reféns israelitas em Gaza "é um eco da propaganda do Hamas", que procura "criar divisão" em Israel, "criando uma imagem falsa".
"Até hoje, a combinação de pressão militar e política é a única coisa que conseguiu trazer os reféns de volta", disse ele.
Mais de 50.200 pessoas foram mortas em Gaza devido a bombardeamentos e incursões do exército israelita desde o início do conflito.
Os habitantes de Gaza tiveram uma trégua durante o cessar-fogo entre 19 de janeiro e 18 de março, que foi quebrada por Israel, exigindo a libertação de todos os reféns do Hamas.