O operador da rede elétrica de alta tensão francesa (RTE) afirmou hoje não dispor de elementos que indiquem que as energias renováveis foram "a causa do apagão" em Espanha e Portugal, ainda inexplicado.

A RTE admitiu que a energia eólica e solar, que cobria imediatamente antes do apagão cerca de 70% da produção elétrica espanhola, era "significativa, mas não inédita", uma vez que "tais configurações" tinham já sido atingidas antes em 2024 e 2025.

O operador da rede divulgou no 'site' da Internet um documento sob a forma de 20 perguntas e respostas, algumas das quais destinadas a desmentir as numerosas notícias falsas que circulavam nas redes (incêndios, condições atmosféricas, etc.), ao passo que outras tinham por objetivo relativizar algumas hipóteses aventadas.

Desde o apagão, a 28 de abril, as energias renováveis foram acusadas por alguns partidos políticos espanhóis de serem responsáveis por um desequilíbrio entre a oferta e a procura de eletricidade, uma vez que o operador da rede não tem qualquer controlo sobre a quantidade de horas de sol ou a intensidade do vento.

Mas os respetivos operadores lembraram que, nos apagões anteriores, os problemas tiveram frequentemente origem na rede de distribuição e não nas centrais de produção.

O operador francês considerou igualmente que os resultados das investigações realizadas à escala europeia "não serão conhecidos nos próximos dias".

Estas terão, em particular, de "analisar em que medida a elevada percentagem de energias renováveis pode ter contribuído para a propagação do incidente".

Um grupo de especialistas, formado pela Rede Europeia de Operadores de Sistemas de Distribuição (ENTSO-E), vai investigar o incidente, indicou hoje a Agência Europeia de Cooperação dos Reguladores da Energia (ACER).

Segundo a RTE, a legislação europeia estabelece um prazo de seis meses para a apresentação de conclusões completas.

Após o apagão, França conseguiu reinjetar gradualmente até dois Gigawatts na rede espanhola. Seis interconexões ligam os dois países.

Está atualmente em construção uma nova linha no golfo da Biscaia, maioritariamente submarina, que aumentará a capacidade de intercâmbio entre os dois países de 2,8 para cinco Gigawatts até 2028, o que permitirá assim reduzir o isolamento elétrico da Península Ibérica.

No domingo, a ministra da Transição Ecológica espanhola, Sara Aagesen, sublinhou que "França tem de tomar consciência de que as ligações têm de ser feitas, aconteça o que acontecer", acrescentando que, por razões ambientais, França vê com maus olhos a instalação de duas novas interligações através dos Pirenéus.

A RTE afirmou estar "pronta a trabalhar com (...) os homólogos espanhóis e portugueses", mas insistiu "na necessidade de reforçar em paralelo a rede francesa, para garantir a exploração segura das interligações a longo prazo".