Um tribunal deverá agora decidir se Imamoglu, o principal opositor do Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, será acusado e ficará na prisão enquanto aguarda julgamento.

Dezenas de milhares de pessoas concentraram-se no sábado, pela quarta noite consecutiva, em frente à autarquia de Istambul para apoiar Imamoglu.

A multidão tornou-se ainda mais densa e numerosa, invadindo os comboios do metro e os arredores congestionados do edifício da Câmara Municipal, agitando bandeiras e cartazes que expressavam a sua ira: "Os ditadores são cobardes", "O AKP (partido no poder) não nos vai silenciar".

Imamoglu foi levado ao início da noite, com 90 dos seus coarguidos, para um tribunal cercado, protegido por dezenas de carrinhas da polícia de choque e um forte cordão policial, para ali ser presente a um procurador do Ministério Público turco.

Segundo os seus advogados, a sua audição na parte do processo relativa ao terrorismo já terminou e a outra, sobre a acusação de corrupção, já começou.

A polícia interrogou Imamoglu durante cerca de cinco horas no sábado, no âmbito de uma investigação sobre alegações de auxílio ao ilegal Partido dos Trabalhadores do Curdistão, informou o jornal Cumhuriyet.

Apesar das restrições de acesso, mais de mil pessoas aglomeraram-se durante a noite nas imediações do tribunal de Caglayan, protegido por um forte dispositivo policial.

Caso seja condenado, Imamoglu será substituído no cargo por um administrador nomeado pelo Estado.

Destacada em grande número, a polícia começou a dispersar a manifestação pouco depois das 00:00 de hoje (22:00 de sábado em Lisboa), usando gás lacrimogéneo e granadas de aturdimento, depois de alguns incidentes com jovens manifestantes.

Em Ancara, a capital, os manifestantes foram repelidos com canhões de água, e em Esmirna, a terceira maior cidade do país, a polícia bloqueou os estudantes que tentavam marchar até às instalações do partido AKP, no poder.

O Presidente Erdogan, dirigindo-se no sábado à noite aos membros do seu partido, acusou a oposição de ter feito "tudo o que era possível nos últimos quatro dias para perturbar a paz da nação e dividir o povo".

O governo civil de Istambul prolongou até 26 de março a proibição de manifestações em vigor desde quarta-feira e impôs novas restrições à entrada na cidade.

Desde quarta-feira, os protestos espalharam-se por toda a Turquia, com manifestações anunciadas em muitas cidades de oeste a leste.

Segundo uma contagem efetuada pela agência de notícias francesa France-Presse no sábado, foram organizadas manifestações em pelo menos 55 das 81 províncias turcas, ou seja, em mais de dois terços do país.

VQ (ANC) // VQ

Lusa/Fim