O Presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou Michel Barnier como novo primeiro-ministro, substituindo Gabriel Attal no cargo. Barnier foi o negociador chefe da União Europeia para o Brexit.
O anúncio foi feito através de um comunicado do Palácio do Eliseu, no qual Macron disse que encarregava Barnier de “formar um governo de união ao serviço do país e dos franceses”.
“Esta nomeação surge na sequência de um ciclo de consultas sem precedentes durante o qual, em conformidade com o seu dever constitucional, o Presidente assegurou que o primeiro-ministro e o futuro Governo reuniriam as condições necessárias para ser tão estável quanto possível e para terem a oportunidade de reunir o maior número possível de pessoas”, escreveu ainda o Presidente francês.
Regresso ao executivo
Aos 73 anos, Michel Barnier volta ao Governo francês depois de uma carreira política que começou ainda nos anos 70, como membro do partido de centro-direita Os Republicanos, tornando-se depois ministro durante as presidências de Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy.
Mas Barnier ficou mais conhecido para a Europa durante as suas várias passagens pela Comissão Europeia, incluindo durante a governação de Durão Barroso, mas em particular pelo seu papel como principal negociador do Brexit. Em 2016, o francês foi escolhido para liderar as equipas de negociação da União Europeia, para fechar o processo de saída do Reino Unido do mercado único.
A oposição, que tem denunciado a recusa de Emmanuel Macron em nomear um primeiro-ministro da Nova Frente Popular, que venceu as eleições, como um desrespeito pelo resultado do sufrágio, reagiu prontamente ao anúncio da nomeação de Barnier.
Jean-Luc Mélenchon, o líder do França Insubmissa e principal figura da coligação de esquerda vencedora, considerou que a eleição foi “roubada” ao povo francês com a decisão de Macron que, acrescenta, “recusa respeitar a soberania popular e a escolha resultante das urnas”. Avisou que a nomeação de Barnier não passaria na Assembleia Nacional, e convocou os franceses para "a mobilização mais poderosa possível” no dia 7 de Setembro contra o Presidente francês.
O secretário-geral do Partido Socialista, que também faz parte da coligação da Nova Frente Popular, comentou na rede social X (antigo Twitter) que “a negação democrática” do Presidente francês “atingiu o seu auge”. “Um primeiro-ministro do partido que ficou na quarta posição e que nem sequer participou na frente republicana. Estamos a entrar numa crise de regime”, alertou Olivier Faure
Do lado da extrema-direita, o cabeça de lista do Reagrupamento Nacional, o partido liderado por Marine Le Pen, mostrou-se mais conformado com a decisão, afirmando na rede social X (antigo Twitter) que o partido vai “avaliar o seu discurso político, as suas decisões orçamentais e as suas ações”.
Mas Le Pen afirmou que, apesar de os extremistas franceses estarem “atentos ao projeto que irá realizar", estarão também “atentos para que as aspirações dos nossos eleitores, que representam um terço do povo francês, sejam ouvidas e respeitadas”.
Michel Barnier, com 73 anos, será o primeiro-ministro mais velho desde o início da quinta república, em 1958. Irá substituir Gabriel Attal, que foi o mais jovem primeiro-ministro deste período, tomando posse com 34.
[Notícia atualizada às 13h09]