[Os militares] "não vão entrar e depois retirar. Esse não é o objetivo", declarou Benjamin Netanyahu, numa mensagem vídeo na rede X, descrevendo a nova campanha como uma "operação enérgica", que inclui a deslocação da população para sul do enclave durante os "ataques poderosos" contra o grupo islamita palestiniano Hamas, segundo uma fonte oficial israelita.

O gabinete de segurança de Israel, que supervisiona a ofensiva na Faixa de Gaza, aprovou esta manhã (hora local) uma expansão das operações no enclave, bem como um plano para retomar a ajuda humanitária à população, bloqueada por completo desde 02 de março.

"Esta foi a recomendação do chefe do Estado-Maior: avançar, como o próprio expressou, para a derrota do Hamas. Ele acredita que isso também nos ajudará a resgatar os reféns ao longo do caminho. Concordo com ele. Não desistiremos deste esforço e não desistiremos de nenhum deles. É isso que estamos a fazer", acrescentou Netanyahu.

Na Faixa de Gaza, 59 reféns, dos quais Israel estima que apenas 24 estejam vivos, permanecem em posse do Hamas, que nas últimas semanas se ofereceu para os libertar em troca da retirada total das tropas israelitas.

O novo plano israelita ameaça um novo acordo de cessar-fogo a curto prazo, uma exigência das famílias dos reféns.

Netanyahu disse ainda que a criação de uma comissão estatal sobre os ataques do Hamas de outubro de 2023 em solo israelita é necessária, mas apenas quando a guerra terminar.

"Dissemos desde o início que o faríamos no final da guerra", afirmou, após críticas internas.

O porta-voz do Exército israelita, Effie Defrin, indicou que a nova ofensiva contra a Faixa de Gaza inclui "um ataque em grande escala e a deslocação da maioria da população palestiniana para uma zona livre" do Hamas.

"Serão realizados ataques aéreos contínuos, os terroristas serão eliminados e as infraestruturas serão desmanteladas", explicou Defrin num vídeo gravado na fronteira com a Faixa de Gaza, no qual afirmou que o regresso dos reféns a Israel também faz parte dos objetivos desta nova operação.

O porta-voz assinalou ainda que as forças israelitas vão seguir o "modelo Rafah", referindo-se à recente anexação da cidade na fronteira com o Egito e bairros vizinhos à chamada "zona tampão", criada por Israel desde que iniciou a ofensiva no enclave.

O modelo passa pela inclusão gradual de partes da Faixa de Gaza na "zona de segurança" israelita assim que as tropas tiverem "destruído todas as infraestruturas do Hamas".

Após ter quebrado o cessar-fogo com o Hamas, em 18 de março, o Exército israelita não só retomou os ataques aéreos diários contra a Faixa de Gaza, como incorporou partes do enclave na "zona de segurança".

Quase 30% do território da Faixa de Gaza faz parte da "zona de segurança", anunciou recentemente o Exército.

"O Hamas cometeu um erro e ainda não compreende a extensão da nossa determinação. O Hamas lançou um ataque hediondo contra nós, e é o Hamas que está a prejudicar os residentes de Gaza", afirmou o porta-voz do Exército.

O conflito foi desencadeado pelos ataques liderados pelo grupo islamita palestiniano em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e 250 reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 51 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, na maioria mulheres e crianças, e deixou o território destruído e a quase totalidade da população deslocada.

As partes mantêm canais de negociação com os mediadores internacionais -- Egito, Qatar e Estados Unidos -- para uma nova suspensão das hostilidades e libertação dos reféns ainda em posse do Hamas, mas não chegaram a acordo.

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