A Assembleia da República devia poder suspender o mandato do deputado eleito pelo Chega Miguel Arruda, suspeito de roubar malas nos aeroportos, mesmo contra a vontade deste.

A opinião foi esta noite defendida por Luís Marques Mendes no seu habitual comentário político dos domingos à noite na SIC.

"É pena que para casos como este, especialmente chocantes e desviantes, a Assembleia da República não tenha um instrumento legal para suspender deputados do exercício de funções. Não tem, mas devia ter", defendeu o ex-líder do PSD.

Mendes recordou que há 20 anos propôs como deputado a criação de uma Comissão de Ética com uma "composição senatorial" (ex-Presidentes do Parlamento e ex-Provedores de Justiça) que decidiria "em situações de graves violações da ética política". Só que, acrescentou, a ideia "infelizmente não vingou".

Segundo acrescentou, se Miguel Arruda tivesse "um pingo de vergonha e de decência" já deveria ele próprio ter renunciado ou suspendido o mandato parlamentar. O caso é de "gargalhada" e "patético" mas também tem um "lado grave": "Contamina a imagem da política e da Assembleia da República". Para o comentador, o que se impõe agora é que "todos os partidos" pressionem o deputado eleito pelo Chega (e agora deputado não-inscrito, visto que se demitiu do partido) a deixar o Parlamento. Se isso acontecer, "ele vai ter de acabar por sair" porque "a pressão da palavra é muito forte".

O ex-líder social-democrata comentou ainda os casos do BE (despedimento de colaboradoras quando ainda estavam a amamentar filhos), da demissão do CEO do SNS Gandra de Almeida e a entrevista ao Expresso do líder do PS.

No caso do BE, é mesmo mais um exemplo - tal como foi o caso Robles - de como a "alegada superioridade moral" do partido se vira contra si própria; Quanto ao caso do CEO do SNS, considerou que a ministra da Saúde "agiu bem" ao substitui-lo "com rapidez"; por último, face a Pedro Nuno Santos, afirmou que "não tem qualquer problema" o líder socialista ter mudado de posição quanto à manifestação de interesses como instrumento regulador da imigração. "Esta mudança, além de legítima e corajosa, é também positiva [porque] ao aproximar-se da posição do Governo, ela favorece uma convergência mais ampla entre PSD e PS em matéria de imigração", considerou.