Mariana Mortágua acusa o primeiro-ministro de assumir discursos da extrema-direita depois de a manifestação no Martim Moniz, em Lisboa, no passado sábado, ter ficado marcada pelo forte controlo policial.
Mortágua alega que na manifestação de sábado contra o racismo e xenofobia, denominada "Não nos encostem à parede", saiu à rua "o país da sensatez, da liberdade, da democracia", "o orgulho de um país que quer ser antirracista" e "não se quer deixar consumir pelo ódio, egoísmo, mentira".
"Se o primeiro-ministro entende que esse país da liberdade, da democracia , da igualdade, da solidariedade, da verdade é um extremo, é porque a própria cadeia de valores, a organização de valores do primeiro-ministro está distorcida e nós sabemos porquê", acusou a bloquista.
A coordenadora do Bloco de Esquerda diz que para Luís Montenegro entender que "há algum tipo de extremismo nestes milhares de pessoas que saem à rua em nome da liberdade" é porque "já assumiu a narrativa da extrema-direita".
"Prova disso é que ordenou, e fez parte, de uma operação de instrumentalização da polícia, precisamente, para validar e tendo em conta uma errada perceção que torna a imigração igual à insegurança", acusa a líder partidária.
Na ótica de Mariana Mortágua, a "cadeia de valores" do chefe do executivo PSD/CDS-PP "está distorcida" porque Montenegro "está numa competição com a extrema-direita em temas como a segurança e como a imigração".
Mariana Mortágua menciona ainda que lei "aplica-se igualmente a todas as pessoas", motivo por que acredita que "todas as ocorrências", independentemente do local, devem ser geridas de igual forma:
"É assim que garantimos a segurança em Portugal e não com ações de instrumentalização da polícia que não trazem segurança como, aliás, ficou visto."
Milhares de pessoas da sociedade civil aos partidos de esquerda desfilaram desde a Alameda até ao Martim Moniz contra o racismo, o preconceito e a xenofobia no passado sábado, em Lisboa.
A manifestação decorreu menos de um mês depois de uma operação policial que encostou à parede dezenas de imigrantes no Martim Moniz, uma ação considerada discriminatória e que motivou críticas generalizadas.
Com Lusa