![Mais de 1.680 crianças raptadas na Nigéria desde 2014](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
"Só em 2024, o Boko Haram raptou mais de 400 pessoas, principalmente mulheres e crianças em idade escolar, de um campo de deslocados internos no estado de Borno", adiantou o ISS.
"O que começou como raptos ideológicos por extremistas transformou-se em operações de procura de resgate por grupos criminosos transfronteiriços", acrescentou.
Também em 2024, alertou o ISS, "militantes da Ansarul Muslimina Fi Biladis Sudan, ligada à Al-Qaida, raptaram 287 estudantes e funcionários de uma escola do estado de Kaduna, exigindo um resgate de cerca de 576 mil euros pela sua libertação". Homens armados raptaram, ainda segundo o ISS, 17 estudantes do dormitório de um colégio interno só para raparigas no estado de Sokoto.
Os ataques são executados por redes de extremistas violentos e grupos criminosos transnacionais, diz Fidel Amakye Owusu do Conflict Research Consortium for Africa, citado pelo ISS.
Já para o comentador político e académico jurídico Alfred Abhulimhen-Iyoha, também citado pelo ISS, os raptos tornaram-se num crime lucrativo e de baixo risco. Os perpetradores exploram a fraca capacidade do Estado e os refúgios transfronteiriços para raptar estudantes e professores a troco de um resgate, referiu o académico.
Para o Instituto de Estudos de Segurança, o Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, reconhece a gravidade do problema, "salientando que a pobreza, a frustração e as dificuldades económicas alimentam os raptos como estratégia de sobrevivência e como meio de afirmação de poder".
No seu discurso de tomada de posse em maio de 2023, e novamente no 10.º aniversário do rapto das raparigas de Chibok, Tinubu prometeu, lembrou ISS, aumentar o "custo" para os criminosos e comprometendo-se "a melhorar a recolha de informações, a reforçar a aplicação da lei e a utilizar tecnologias de vigilância sofisticadas para prender e processar rapidamente os raptores, com penas mais severas".
Os raptos em massa recorrentes aumentaram o absentismo nas escolas, tendo o Fundo das Nações Unidas para a Infância referido que, em 2022, uma em cada três crianças nigerianas não frequentava a escola, sublinhou o instituto.
Os raptos escolares numa indústria criminosa comercializada estão assim a agravar a crise de segurança da Nigéria e desestabilizar o seu sistema educativo, concluiu, salientando que o Governo da Nigéria implementou várias estratégias para combater os raptos nas escolas, mas "os críticos dizem que estes esforços são reativos, de curto prazo e ineficazes".
Na avaliação do ISS, as operações de salvamento conduzidas pelos serviços de informação garantiram ocasionalmente a libertação dos estudantes, mas os recursos limitados, a falta de coordenação e o terreno difícil impedem o êxito, especialmente em zonas remotas onde os raptos são frequentes.
MAV // JMC
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