
Mais de 60% dos portugueses avaliam como “mau” ou “muito mau” o desempenho do Governo. Cerca de metade dos inquiridos na sondagem do ICS/ISCTE para a SIC/Expresso acredita que o país está pior e a maioria preferia uma maioria absoluta.
Em relação ao desfecho das eleições legislativas de 18 de maio, a maioria dos portugueses admite que uma maioria absoluta para o vencedor seria o melhor resultado. Foi a resposta dada por 58% dos inquiridos – bem mais do que os 34% que desejavam maioria em novembro de 2023, quando terminou o governo maioritário de António Costa.
Agora, apenas 33% dizem que é preferível não haver maioria absoluta (enquanto, em novembro de 2023, dominava a rejeição de maiorias, com 59%).
Habitação, custo de vida e criminalidade como o que mais piorou
Quando é pedida uma avaliação do desempenho do Governo no último ano, 61% dos inquiridos nesta sondagem dão negativa ao Executiva de Luís Montenegro.
São 45% os que respondem que o desempenho foi “mau” e 16% “muito mau”. Os inquiridos que afirmam que foi “bom” são 32%, e os que dizem que foi “muito bom” apenas 1%.
Em relação à situação económica do país, quase metade acha que evoluiu de forma negativa no último ano: 49% acreditam que “piorou” ou “piorou muito”. Os que consideram que “ficou na mesma” são 33%. E apenas 17% defendem que "melhorou” ou “melhorou muito”.
A sondagem avaliou o que pensam os portugueses sobre a evolução de diversos aspetos da vida do país. E em quase todos eles a ideia é que as coisas pioraram – sendo a Educação e o Ambiente as exceções à regra.
As áreas em que os inquiridos se mostram mais críticos são o custo da habitação (que 82% diz ter piorado), o custo de vida (que 81% diz que piorou) e a criminalidade (tida como pior por 71%).
Seguem-se a corrupção (pior na opinião de 67%), a imigração (pior aos olhos de 66%) e o Serviço Nacional de Saúde (pior para 65%).
Há ainda 53% a dizer que os impostos pioraram. Já no ensino público, a opinião que prevalece é de que “as coisas ficaram na mesma” (43%), tal como na proteção do ambiente e da natureza (48%).
E nem mesmo entre os eleitores do PSD a pílula é mais dourada. A maioria daqueles que se identificam com o partido liderado por Montenegro respondem que a evolução do país foi negativa no que diz respeito a habitação, custo de vida, criminalidade e corrupção.
Ficha técnica:
Este relatório baseia-se numa sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 5 e 14 de abril de 2025. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfKMetris. O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos de ambos os sexos com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal Continental. Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis Sexo, Idade (4 grupos), Instrução (3 grupos), Região (7 Regiões NUTS II) e Habitat/Dimensão dos agregados populacionais (5 grupos). A partir de uma matriz inicial de Região e Habitat, foram selecionados aleatoriamente 93 pontos de amostragem, onde foram realizadas as entrevistas de acordo com as quotas acima referidas.
A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto nas eleições legislativas recolhida através de simulação de voto em urna. Foram contactados 2815 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 803 entrevistas válidas (taxa de resposta de 29%, taxa de cooperação de 44%). O trabalho de campo foi realizado por 35 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses com 18 ou mais anos residentes em Portugal continental, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 11). A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 803 inquiridos é de +- 3,5%, com um nível de confiança de 95%.