Segundo o vereador com o pelouro do ambiente, Luís Lopes, o município gere atualmente os talhões 263 e 264 da Mata do Urso, numa área total de 60 hectares.

"O talhão 263 foi-nos atribuído em 2022 e o talhão 264 em 2023. Está também pendente um pedido de gestão do talhão 1 da Mata de Pedrógão, que, caso seja aprovado, aumentará a área sob responsabilidade municipal para 90 hectares", explicou hoje Luís Lopes.

O autarca afirmou que "a cedência destes talhões, em torno da Lagoa da Ervedeira, enquadra-se na estratégia de restauro ecológico e valorização da floresta, fruto da articulação com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)".

Luís Lopes referiu que os incêndios de outubro de 2017 "devastaram a vegetação destes talhões, comprometendo a regeneração natural", sendo que, no ano seguinte, "a tempestade Leslie veio agravar a situação, provocando mais perdas de árvores e acelerando a degradação dos solos, uma vez que a matéria orgânica essencial à fertilização também foi destruída".

Além da "plantação e sementeira de mais de 45 mil árvores, incluindo retanchas para reforçar a regeneração", desde que o município de Leiria assumiu a gestão dos dois talhões foram também desenvolvidas outras ações, como remoção de espécies invasoras, sementeira de herbáceas e arbustivas autóctones, promoção da regeneração natural e "parcerias com apicultores, introduzindo polinizadores para reforçar a biodiversidade".

"Foram introduzidas espécies como pinheiro-bravo, pinheiro-manso e medronheiro, com o objetivo de restaurar a cobertura florestal e aumentar a resiliência do ecossistema", disse o autarca, adiantando que, "em linhas de água temporárias, promoveu-se a plantação de algumas espécies ripícolas, como amieiro e salgueiro.

O vereador ressalvou que "a evolução da regeneração natural será determinante para definir futuras plantações e eventuais reforços de vegetação".

"O projeto conta com a colaboração de mais de 20 entidades, entre empresas, escolas e cidadãos, num esforço conjunto para devolver vitalidade à Mata do Urso", destacou Luís Lopes, explicando que o custo é de "aproximadamente mil euros por hectare", o que inclui "intervenções de recuperação, aquisição de plantas e manutenção da área".

"A prioridade é assegurar a manutenção das áreas reflorestadas, acompanhar o crescimento das espécies plantadas e continuar a implementar práticas sustentáveis para garantir um restauro duradouro e, claro, uma maior resiliência daquela paisagem", acrescentou.

Luís Lopes realçou que, embora o espaço seja da responsabilidade do ICNF, a autarquia entendeu que "era importante também ter uma participação ativa", num trabalho também de mobilização da comunidade.

Questionado sobre se com este trabalho a área da Lagoa da Ervedeira será muito mais resiliente aos fogos florestais e intempéries, Luís Lopes admitiu que tal "depende do trabalho que se fizer nos próximos anos".

"É importantíssimo voltarmos a ter árvores ali, por variadíssimas razões, mas esta resiliência ou a forma como conseguimos ou não defender a lagoa vai estar muito associada ao que vamos fazer depois naquele território todo", admitiu.

Para a Câmara de Leiria, é "muito importante proteger aquela massa de água".

"O nível da lagoa tem estado a subir e de forma estável, o que é absolutamente crítico considerando a falta de água (...), mas estará muito associado não só a esta nossa ação direta sobre os talhões, mas também sobre o que faremos à volta desses talhões, como é que vamos proteger aqueles aglomerados e depois tem a ver com o comportamento humano, ou seja, como é que as pessoas vão contribuir ativamente para preservar, manter e proteger", disse Luís Lopes.

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