
Depois de a Assembleia da República ter rejeitado esta sexta-feira, 11 de Julho, a proposta apresentada pelo partido Juntos Pelo Povo (JPP) de alteração ao Subsídio Social de Mobilidade, o deputado único do partido, Filipe Sousa, afirmou que foi o JPP o responsável por levar ao debate a mobilidade, uma matéria que, segundo afirma, "foi ignorada nos últimos cinco anos" por outras forças políticas, criticando a opção de voto do PSD e do CDS.
A medida do JPP propunha a fixação de preços máximos a pagar pelos residentes das regiões autónomas nas viagens aéreas para o continente português, nomeadamente 79 euros para os residentes e 59 euros para estudantes da Madeira por bilhete, valores também ajustados para os Açores (119 euros e 89 euros, respectivamente). No fundo, a proposta pretendia alterar o actual modelo de subsídio social de mobilidade, no qual os passageiros residentes têm de pagar o valor total da viagem, sendo posteriormente reembolsados, contudo não chegou a convencer a maioria parlamentar.
Em nota emitida, o JPP afirma que foi após a apresentação da sua proposta, a 5 de Junho, que outros partidos, incluindo o Chega, PSD, CDS, PAN, PCP e BE, submeteram iniciativas semelhantes sobre o tema da mobilidade aérea, lembrando que votou a favor de todas as outras propostas e criticando a opção de voto contra do PSD e do CDS em todas elas.
"O mérito de trazer ao debate uma proposta que esteve cinco anos ignorada pelo PSD, CDS, PS, mas também pelo Chega, ninguém nos tira", apontou Filipe Sousa, após a contagem dos votos no Parlamento português.
“A democracia é isto”, acrescentou o deputado madeirense, considerando que o JPP "foi a candeia, iluminou o caminho, muitos outros vieram atrás de nós, e ainda bem que o fizeram, porque o nosso propósito maior é que os madeirenses deixem de ser fiadores do Estado, seja através de uma iniciativa do JPP, seja do PS, PSD ou qualquer outro partido. Não trocamos a vontade e os direitos legítimos dos madeirenses por nenhuma ideologia".
Filipe Sousa criticou ainda a postura do Chega, que se absteve na proposta do JPP e votou favoravelmente a proposta do PSD, apesar de, segundo o deputado, defender anteriormente uma abordagem diferente. "Em bom rigor, o Chega tem esta facilidade para a incoerência", disse.
Já o secretário-geral do JPP, Élvio Sousa, considera que a votação revelou uma falta de compromisso por parte do PSD e CDS com as autonomias regionais, acusando ambos os partidos de cederem aos interesses de Lisboa. "O PSD/CDS traíram os madeirenses”, frisou, acrescentando: “Mostraram hoje a sua verdadeira génese autonomista, tendo ficado provado que mesmo quando alguém lhes abre a porta, como fez o JPP, para que no lugar próprio, na Assembleia da República, defendam as causas da Madeira e resolvam o que prometem da boca para fora, mesmo assim não têm autonomia para soltar as amarras do centralismo e cedem a Lisboa contra os madeirenses, isto é a verdade.”