
A quinta noite de tensão em Múrcia, no sul de Espanha, na sequência do movimento de "caça" aos imigrantes motivado por um caso de agressão de um sexagenário em Torre Pacheco, apresentou-se mais calma depois de várias noites de protestos.
De forma a evitar distúrbios, a Guardia Civil mobilizou mais de 130 agentes da polícia de choque para o local onde vários grupos de extrema-direita têm sido protagonistas de noites de violência direcionada contra imigrantes.
As autoridades impediram ainda uma manifestação que estava marcada para a última noite em frente à Câmara Municipal de Torre Pacheco, recorrendo a um cordão policial e drones para vigiar as zonas mais tensas.
Eram esperadas milhares de pessoas, em particular apoiantes de grupos radicais, que viriam na sua maioria de fora da cidade. Uma vez mais, a manifestação foi convocada sob a premissa de "caçar migrantes", mote esse que tem estado na origem deste movimento.
Um dos momentos de maior tensão durante os protestos aconteceu quando mais de uma centena de manifestantes radicais perseguiram jornalistas, situação reportada pela correspondente da SIC Notícias no local.
Na sequência desta perseguição, uma repórter da televisão espanhola RTVE foi insultada e agredida enquanto estava em direto para o canal e outros jornalistas foram obrigados a escoltar a repórter ao longo de vários quarteirões até à chegada de elementos da Guardia Civil.
Os manifestantes acusam os meios de comunicação social de manipular e de não dizer a verdade sobre o que realmente está a acontecer em Torre Pacheco.
Ao todo, catorze pessoas já foram detidas por incitarem à violência nas ruas de Torre Pacheco ao longo dos últimos dias, três das quais são os suspeitos de terem agredido o morador de Múrcia cujas imagens dos ferimentos desencadearam uma onda de revolta com um alvo bem marcado.
O governo espanhol aponta o dedo ao partido de extrema-direita VOX, acusando o grupo político de promover o discurso de ódio contra imigrantes.
Os distúrbios e os confrontos entre grupos alegadamente de extrema-direita e residentes em Torre Pacheco (região de Múrcia), onde 30% da população de 40 mil pessoas é imigrante ou de origem estrangeira, surgiram após um homem de 68 anos da localidade ter sido agredido por jovens marroquinos sem razão aparente na quinta-feira passada, segundo contou a própria vítima a meios de comunicação social.