
A Jordânia e os Emirados Árabes Unidos (EAU) lançaram esta segunda-feira pacotes com 17 toneladas de alimentos e bens essenciais sobre a Faixa de Gaza, face à crise de fome no enclave palestiniano, que o Governo israelita nega.
Estas operações de entrega humanitária acontecem no mesmo dia em que o Ministério da Saúde palestiniano registou mais 14 mortes por fome e subnutrição no enclave nas últimas 24 horas, elevando o número de mortes por fome desde o início do conflito para 147, incluindo 88 crianças.
"Os dois lançamentos foram realizados por dois aviões C-130 da Força Aérea Real da Jordânia e da Força Aérea dos Emirados Árabes Unidos, que transportaram 17 toneladas de ajuda alimentar e mantimentos essenciais", informou o Exército da Jordânia, em comunicado.
Esta ação, realizada em cooperação com a Organização de Caridade Hachemita da Jordânia, é uma continuação dos esforços de ambos os países, que, no domingo, enviaram 25 toneladas de ajuda em três lançamentos, apesar de o Governo de Gaza lamentar que os pacotes tenham caído numa zona de combate, impossibilitando o acesso da população civil.
Segundo o Exército israelita, nas últimas horas, cerca de 20 paletes de alimentos foram entregues a residentes do norte e do sul da Faixa de Gaza "em cooperação com a Jordânia e os Emirados Árabes Unidos".
No entanto, testemunhas de Gaza citadas pela agência de notícias espanhola EFE garantiram que, até à data, apenas 12 foram entregues na área.
Também a Caridade Hachemita da Jordânia relatou que apenas 25 dos 60 camiões enviados de Amã com ajuda por via terrestre atravessaram a fronteira para Gaza, culpando "os contínuos obstáculos e ataques israelitas" pelo bloqueio dos restantes.
Crianças continuam a morrer, mas Netanyahu diz que “não há fome”
As operações de entrega de ajuda humanitária foram autorizadas pelo Governo israelita na sexta-feira passada, apesar de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter garantido, no domingo, que "não há fome" no enclave.
A autorização de Israel para entrega de ajuda já pôs outros Estados a preparar reforços, nomeadamente a Espanha - um dos mais recentes países a reconhecer o Estado da Palestina -, que anunciou hoje que vai enviar 12 toneladas de ajuda alimentar por via aérea.
O anúncio do Governo espanhol foi avançado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, da União Europeia e da Cooperação, José Manuel Albares, explicando que a decisão foi tomada "por justiça e humanidade" e que a ajuda alimentar em preparação equivale a 5.500 rações alimentares.
Albares explicou que esta operação se junta aos camiões com ajuda humanitária espanhola que aguardam na fronteira e disse que o primeiro carregamento sairá de Espanha "assim que o Ministério da Defesa tiver os recursos aéreos prontos".
"Neste momento difícil, temos de nos mobilizar", sublinhou, acrescentando que "agora é o momento de exercer a força diplomática e pôr em prática toda a capacidade para mudar a situação no terreno para sempre".
O ministro falava em conferência de imprensa na missão espanhola da ONU em Nova Iorque, Estados Unidos, onde decorre, entre hoje e quarta-feira uma cimeira sobre a solução de dois Estados soberanos e reconhecidos na região em guerra (Israel e Palestina), organizada pela França e pela Arábia Saudita.